
Na Boca do Povo: CPI da Covid avança e encurrala Jair Bolsonaro
Sexta-feira é dia de Na Boca do Povo, uma curadoria dos acontecimentos mais importantes da semana no Brasil e no mundo. Aqui você acessa não só o fato, mas uma interpretação de como cada assunto impacta o seu dia a dia.
Por Semayat S. Oliveira
14|05|2021
Alterado em 14|05|2021
Sexta-feira é dia de Na Boca do Povo, uma curadoria dos acontecimentos mais importantes da semana no Brasil e no mundo. Aqui você acessa não só o fato, mas uma interpretação de como cada assunto impacta o seu dia a dia. Muita coisa acontece diariamente, e o Nós, mulheres da periferia te ajuda a focar no que realmente importa.
O que você precisa saber: Uma semana de baixaria e acusações graves. Na primeira semana de maio, o depoimento de Luiz Henrique Mandetta direcionou os rumos da CPI (Comissão parlamentar de inquérito) da Covid-19. A linha de investigação sobre se o presidente intencionalmente escolheu essa estratégia e levou a um alto número de mortos se tornou central na CPI na terça. O ex-ministro afirmou que “teve a impressão” de que foi exatamente isso que aconteceu.
O ponto alto foi na última quinta-feira (13). Os senadores ouviram Carlos Murillo, atual gerente-geral da Pfizer para a América Latina. Segundo Carlos, apenas em 2020, quando era presidente da farmacêutica americana no Brasil, o Ministério da Saúde ignorou cinco ofertas de vacinas da empresa.
Renan Calheiros (MDB), questionou quantas doses o Brasil teria recebido caso a primeira proposta tivesse sido aceita e a resposta chegou ao milhões.
Fala de destaque: “Eu posso comentar o quantitativo ofertado em 26 de agosto: 1 milhão e quinhentos até 2020. No primeiro trimestre de 2021, 3 milhões. Segundo trimestre de 2021; 14 milhões. Somando, estamos falando de 18 milhões e meio”, disse Carlos Murillo.
O imunizante da Pfizer foi desenvolvido em parceria com a alemã Biontech e recebeu, em fevereiro, a autorização e registro definitivo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Mas o Brasil só fechou um acordo em 19 de março deste ano, quando o país enfrentava os piores números em relação a contaminação e mortes. Ainda assim, as primeiras vacinas foram aplicadas apenas no início de maio
No dia anterior ao depoimento de Murillo, quarta-feira (12), Fabio Wajngarten, ex-secretário de comunicação da Presidência da República, também foi ouvido.
Na ocasião, chegou a ser ameaçado por Renan Calheiros por se esquivar de comentar uma declaração que havia dado à revista Veja, em que acusava o governo federal de incompetência nas negociações por vacinas.
A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) terá um prazo inicial (prorrogável) de 90 dias para os procedimentos de investigação e, depois dessa etapa, deve elaborar um relatório final com análises e conclusões. O documento deverá ser encaminhado ao Ministério Público para eventuais criminalizações. Vale ressaltar que a comissão não tem o poder de julgar, mas sim de investigar.
Houve consenso entre outros senadores membros da comissão de que Fabio havia mentido e, portanto, deveria ser detido. Mas o presidente da CPI da Covid, o senador Omar Aziz (PSD-AM), negou.
Em que contexto isso acontece: Uma baixaria atrás da outra. Além da ameaça de prisão feita por Renan Calheiros, a sessão de quinta-feira foi encerrada após o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos), filho de Jair Bolsonaro (sem partido), ter chamado Renan de “vagabundo”. Seguindo a mesma linha, o presidente repetiu o xingamento durante uma inauguração de obras em Maceió, no estado de Alagoas.
A escalada de tensão da CPI também tem relação com o resultado da última pesquisa de intenção de voto do Data Folha. Dentre os entrevistados, 54% afirmaram que jamais votariam em Bolsonaro nas eleições de 2022.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aparece em vantagem. O petista teria 41% das intenções de voto no primeiro turno, contra 23% do atual presidente. E em caso de segundo turno, Lula levaria ampla vantagem, com uma margem de 55% a 32%.
Como isso atinge você: Na última quinta-feira (13), o Brasil atingiu 430.596 óbitos e 15.436.827 casos. Os dados são do consórcio de veículos de imprensa com informações das secretarias de Saúde. Com relação ao número de mortes, a média móvel é de 1.917 por dia. Se negociados a tempo, o número de imunizantes ignorados pelo governo federal em 2020 teriam evitado um morticínio tão grande no Brasil.
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