Mulheres negras potentes que partiram em 2025
O Nós, mulheres da periferia homenageia as trajetórias de Preta Gil, Dona Jacira, Ana Cristina Costa Gomes e Roseli Faria
Por Beatriz de Oliveira
09|12|2025
Alterado em 09|12|2025
Em 2025, perdemos mulheres negras cujas trajetórias a cultura, a política e a justiça social do Brasil. Neste texto o Nós, mulheres da periferia homenageia as trajetórias de Preta Gil, Dona Jacira, Ana Cristina Costa Gomes e Roseli Faria. Personalidades que deixaram marcas essenciais em suas áreas de atuação e na defesa da população negra.
Deixamos demarcada também nossa solidariedade às famílias e amigas de todas as mulheres que partiram em 2025 nas favelas, comunidades e periferias, e que, mesmo não tendo sido reconhecidas publicamente, certamente deixaram legados.
Preta Gil
©Wikimedia Commons
Devido a complicações de um câncer no intestino, a cantora Preta Gil faleceu no dia 20 de julho aos 50 anos de idade. Filha de Gilberto Gil, a artista iniciou sua carreira musical com o álbum Prêt-à-Porter. Ao longo da carreira lançou também os álbuns “Sou Como Sou”, “Todas as Cores” e “Bloco da Preta”. Com discursos sobre aceitação, autoestima e empoderamento, Preta Gil se tornou referência na música brasileira. Sua voz segue como símbolo de liberdade, coragem e amor próprio.
Dona Jacira
©Demetrios dos Santos Pereira
Jacira Roque Oliveira, mais conhecida como Dona Jacira, faleceu aos 60 anos de idade no dia 28 de julho. Artista plástica e escritora, Dona Jacira era mãe dos rappers Emicida e Fióti, além de Katia e de Katiane. Em 2019, lançou sua autobiografia, “Café”, publicada pela editora LiteraRUA, já em 2024, publicou pela mesma editora a obra “Um Escudo de Afeto aos Meus”, com reflexões profundas sobre a vida. Também conquistou seu público através da oralidade: liderava o podcast “Café com Dona Jacira”. Seu legado permanece vivo na força da mulher da periferia e na centralidade do afeto como ferramenta política.
Ana Cristina
©reprodução
Ana Cristina Costa Gomes faleceu no dia 1º de agosto aos 58 anos de idade. Em abril do mesmo ano, havia passado por um transplante de coração. Mãe do rapper BK’ e do diretor audiovisual Calebe Gomes, Ana Cristina foi uma das fundadoras do Fórum de Mulheres Negras do Rio de Janeiro e tem trajetória marcada pela defesa dos direitos da população negra e das mulheres. Era doutora e mestre em Educação, e atuou por uma educação antirracista. Sua atuação segue inspirando quem luta por justiça e transformação.
Roseli Faria
©reprodução
No dia 11 de setembro, faleceu a economista Roseli Faria, aos 54 anos de idade, em razão de um câncer colorretal. Servidora pública e militante do PSOL, Roseli teve atuação na construção de políticas públicas e orçamentárias e no combate ao racismo, sendo pioneira na luta pela implementação da política de cotas raciais para ingresso nas universidades e carreiras públicas.Também se destacou por ser uma voz firme contra o desmonte das políticas públicas e seus impactos na vida das mulheres e da população negra. Seu compromisso com a justiça social permanece como referência fundamental no serviço público brasileiro.
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