
Mais de 210 jornalistas mortos em Gaza: mobilização no dia 1º de setembro
Mais de 150 veículos de comunicação de mais de 50 países estão se preparando para uma grande mobilização midiática no dia 1º de setembro
Por Redação
01|09|2025
Alterado em 01|09|2025
Mais de 150 veículos de comunicação de mais de 50 países estão se preparando para uma grande mobilização midiática no dia 1º de setembro, coordenada pela Repórteres Sem Fronteiras (RSF) e pelo movimento global de mobilização Avaaz. Esses meios, junto com a RSF e a Avaaz, condenam os crimes contra repórteres palestinos cometidos com impunidade pelo exército israelense, pedem a proteção e evacuação urgente e exigem que a imprensa estrangeira tenha acesso independente à Faixa de Gaza.
A mobilização midiática está marcada para segunda-feira, 1º de setembro, logo após os recentes assassinatos dos jornalistas pelo exército israelense na Faixa de Gaza. No dia 25 de agosto, um desses ataques atingiu um prédio no complexo médico al-Nasser, no centro de Gaza, conhecido como local de trabalho de repórteres, matando cinco jornalistas e funcionários de meios locais e internacionais como aReuterse aAssociated Press.Duas semanas antes, na noite de 10 de agosto, um ataque israelense matou seis repórteres, incluindo o correspondente daAl JazeeraAnas al-Sharif, que era o alvo principal.
Segundo dados da RSF, mais de 210 jornalistas foram mortos pelo exército israelense na Faixa de Gaza em quase 23 meses de operações militares israelenses no território palestino. Pelo menos 56 deles foram intencionalmente alvos do exército israelense ou mortos enquanto exerciam sua profissão. Esse massacre contínuo de jornalistas palestinos exige uma operação em larga escala, altamente visível ao público em geral. Com essa mobilização inédita planejada para 1º de setembro, a RSF reforça seu apelo por proteção urgente aos profissionais de mídia palestinos na Faixa de Gaza — um pedido já apoiado por mais de 200 veículos e organizações em junho. A organização também exige que a imprensa estrangeira tenha acesso independente ao território, o que as autoridades israelenses até agora têm negado.
“O exército israelense matou cinco jornalistas em dois ataques na segunda-feira, 25 de agosto. Apenas duas semanas antes, matou outros seis jornalistas em um único ataque. Desde 7 de outubro de 2023, mais de 210 jornalistas palestinos foram mortos pelo exército israelense na Faixa de Gaza. Rejeitamos essa mortal ‘normalidade’ que, semana após semana, impõe ao mundo novos crimes contra jornalistas palestinos sem qualquer punição. Afirmamos de forma clara e firme: no ritmo em que jornalistas estão sendo mortos em Gaza pelo exército israelense, em breve não haverá ninguém para manter vocês informados. Mais de 150 veículos de mídia em todo o mundo se uniram a RSF e a Avaaz para uma grande mobilização na segunda-feira, 1º de setembro. Essa campanha pede aos líderes mundiais que cumpram seu dever: impedir o exército israelense de cometer esses crimes contra jornalistas, retomar a evacuação dos que desejam deixar Gaza e garantir que a imprensa estrangeira tenha acesso independente ao território palestino“. Thibaut Bruttin, Diretor Geral da RSF.
Mais de 150 veículos de mídia em mais de 50 países ao redor do mundo estão se preparando para participar da mobilização do dia 1º de setembro. Entre eles estão diversos jornais e sites de notícias: Mediapart(França), Al Jazeera(Catar), The Independent(Reino Unido), +972 Magazine(Israel/Palestina), Local Call(Israel/Palestina), InfoLibre(Espanha), Forbidden Stories(França), Frankfurter Rundschau(Alemanha), Der Freitag(Alemanha), RTVE(Espanha), L’Humanité(França), The New Arab(Reino Unido), Daraj(Líbano), New Bloom(Taiwan), Photon Media(Hong Kong), La Voix du Centre(Camarões), Guinée Matin(Guiné), The Point(Gâmbia), L’Orient Le Jour(Líbano), Media Today(Coreia do Sul), N1(Sérvia), KOHA(Kosovo), Public Interest Journalism Lab(Ucrânia), Il Dubbio(Itália), Intercept Brasil(Brasil), Agência Pública(Brasil), Le Soir(Bélgica), La Libre(Bélgica), Le Desk(Marrocos), Semanario Brecha(Uruguai)… entre muitos outros.
Para participar desta campanha, veículos de mídia podem escrever para:
RSF:mroux@rsf.org e moyen-orient@rsf.org
Avaaz:andrew.legon@avaaz.org e media@avaaz.org
Para acabar com a impunidade que permite ao exército israelense continuar cometendo esses crimes, a RSF apresentou quatro queixas ao Tribunal Penal Internacional (TPI) por crimes de guerra cometidos contra jornalistas na Faixa de Gaza nos últimos 22 meses. A RSF também apoia jornalistas palestinos em campo, especialmente em Gaza, por meio de parcerias com organizações locais como a Arab Reporters for Investigative Journalism (ARIJ). Esse programa de ajuda fornece apoio material, psicológico e profissional aos jornalistas palestinos.
“Avaaz significa ‘voz’ — e, neste momento, a mídia mundial deve usar a sua. Pelo menos 210 jornalistas foram mortos em Gaza, e a imprensa estrangeira continua barrada. Isso é um ataque direto à liberdade de imprensa e à própria verdade. Esta é uma chance para a mídia enviar uma mensagem clara e inequívoca: parem de matar jornalistas, abram Gaza para a imprensa e deixem os jornalistas fazerem seu trabalho.”
Texto original: Repórteres Sem Fronteiras