Selo Sueli Carneiro lança livro de mulheres quilombolas

Com 18 artigos assinados por quilombolas, o livro “Mulheres quilombolas: Territórios de existências femininas” é o primeiro do selo editorial coordenado por Djamila Ribeiro.

Por Sâmia Teixeira

12|11|2020

Alterado em 12|11|2020

Poetas, acadêmicas e ativistas de movimentos de defesa dos povos quilombolas assinam o livro “Mulheres quilombolas: Territórios de existências femininas”. A coletânea,  lançamento do Selo Editorial Sueli Carneiro, traz 18 artigos assinados por mulheres quilombolas e é dividido por eixos temáticos.

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Mulheres quilombolas: Territórios de existências negras femininas

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São tratados temas como violência doméstica, educação e aborda a urgência de avançar numa legislação mais efetiva para esse povo.

As histórias, com narrativa pessoal reflexiva e envolvente, evidenciam a importância por ações afirmativas e de direitos para aos quilombolas além de questões ambientais.

Mulheres quilombolas

Atribuir a questão de gênero ao livro enriquece o tema. Isso porque as mulheres quilombolas têm papel fundamental na defesa de direitos, estão na linha de frente nas lutas, assumem papeis importantes nas comunidades, e têm de lidar ao mesmo tempo com o machismo, o racismo e o preconceito de classe, como destaca a assessoria do lançamento do livro.

Reconhecer a luta dos quilombolas

A obra apresenta uma realidade pouco conhecida pela população brasileira. De modo geral, os brasileiros ignoram a luta deste povo pelo reconhecimento de seus territórios e da cultura ancestral. Por isso, este lançamento do Selo Sueli Carneiro é tão necessário para a atualidade.

Em 2019, foram emitidas apenas 70 certificações de reconhecimento de territórios quilombolas. Esse foi o número mais baixo desde 2004, ano em que foram estabelecidas as regras de certificação.

Publicação

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Djamila Ribeiro lança selo editorial em homenagem a Sueli Carneiro.

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O selo Sueli Carneiro é coordenado pela filósofa e ativista do movimento negro e de mulheres Djamila Ribeiro. É uma homenagem a uma das principais intelectuais e figuras da luta contra o racismo, machismo e defesa dos direitos civis.

As autoras mulheres quilombolas que assinam o livro são Amária Campos de Sousa, Ana Carolina Araújo Fernandes, Ana Cleide da Cruz Vasconcelos, Andreia Nazareno dos Santos, Carlídia Pereira de Almeida, Dalila Reis Martins, Débora Gomes Lima, Gessiane Nazário, Givânia Maria da Silva, Maria Aparecida Mendes, Maria Aparecida Ribeiro de Sousa, Mônica Moraes Borges, Nilce de Pontes Pereira dos Santos, Rejane Maria de Oliveira, Sandra  Maria da Silva Andrade, Selma dos Santos Dealdina, Valéria Pôrto dos Santos e Vercilene Francisco Dias.

A organização da obra fica por conta de Selma dos Santos Dealdina, quilombola do Espírito Santo, assistente social formada pela Anhanguera e graduanda em História pela Estácio e em Gestão Financeira pela Unip. Atua em diversos movimentos em defesa dos povos originários e entidades de direitos humanos, como a Coalizão Negra por Direitos, é secretária executiva da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) e da Anistia Internacional.

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Mulheres quilombolas atuam na linha de frente em defesa de terras, cultura e ancestralidade

©Reprodução/Olhares Podcast