
Lívia e Agatha: a amizade como porto seguro
Neste mês de março, o Nós, mulheres da periferia conta histórias de amor entre mulheres como forma de homenageá-las
Por Beatriz de Oliveira
06|03|2025
Alterado em 06|03|2025
Amigas de uma vida inteira, Lívia e Agatha são o porto seguro uma da outra. Uma é madrinha do filho da outra. Ambas se viram casar e se separar. Moraram em estados diferentes e mantiveram contato. Uma sempre está presente na vida da outra, seja no simples do cotidiano ou em acontecimentos que marcam suas trajetórias.
Neste mês de março, o Nós, mulheres da periferia conta histórias de amor entre mulheres como forma de homenageá-las. Nesta matéria, você vai conhecer a força e a ternura da amizade entre Lívia Bueno, advogada que atua na área de e direitos humanos e das mulheres, e Agatha Scarpa, enfermeira do SUS.
As duas se conheceram ainda meninas na escola, em São Paulo (SP), no ano de 1998. Lívia diz que, quando viu a energia cativante de Agatha, decidiu que queria fazer parte da vida dela. Elas conversavam muito, estudavam na mesma turma e pegavam o mesmo ônibus. A partir daí, a relação fluiu naturalmente e segue por quase três décadas. “Estamos sempre uma para a outra, nos perrengues e nas conquistas. A gente chora e ri juntas. Segura uma a mão da outra. Somos família”, resume Agatha.
Lívia vinha de uma família desestruturada e sofria de algumas privações de direitos, encontrando em Agatha um acalento em meio a suas angústias. “Ela sempre foi meu refúgio no mundo”, define.
Ambas se admiram e prezam pela amizade que construíram. Lívia diz que Agatha cuidou muito mais dela do que o contrário. Ao passo que Agatha relata que sente que não consegue retribuir nem 1% das coisas que Lívia faz por ela. Fato é que as duas fazem o melhor para ver a amiga bem.
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Nós, mulheres da periferia: Como você a define?
Agatha sobre Lívia: Ela é forte. Ariana brava. Uma leoa. Geniosa até demais. Mas ao mesmo tempo consegue ter uma doçura encantadora frente a tantas adversidades que a vida lhe impôs. Um ser humano incrível! Ela não consegue ver uma injustiça que já quer brigar. Uma amiga leal. Eu admiro a capacidade dela de sempre seguir e de se indignar com o mundo. Sorte de quem tem uma Lívia por perto!
Lívia sobre Agatha: Agatha é uma das melhores pessoas que existem. É a minha ilha de paz. Uma pessoa muito viva, esperta, acolhedora, divertida. Uma das coisas que mais gosto nela é que ela sabe usar as palavras certas para confortar alguém. Parece que ela sabe te ler, ela te olha e entende o que você está passando sem falar muito. Até me emociono de dizer isso, porque eu precisei muito disso durante as situações difíceis que já passei.
Nós: O que essa amizade representa pra você?
Agatha: É uma fortaleza em tempos adversos. Um bálsamo que acalma a pele. Um alívio cômico na cena tensa da novela. Uma luz que guia um caminho escuro. A esperança de tempos melhores. A felicidade compartilhada! Eu me sinto uma péssima amiga a maior parte do tempo, porque eu acho que não consigo retribuir nem 1% do que ela faz por mim. Ela é uma irmã de outra mãe.
Lívia: Eu falo pra todo mundo que Agatha é minha melhor amiga, mas essa não é uma boa definição. Ela é mais uma irmã do que qualquer outra coisa. Ela é meu porto seguro. É a pessoa em quem eu vou buscar conforto quando estiver nervosa, irritada ou com a cabeça nublada. Eu sei que ela vai discordar disso, mas ela é a calma em forma de gente. Ela sempre foi meu refúgio no mundo.
Nós: Um momento marcante com sua amiga
Agatha: Em 2023 eu passei 20 dias hospitalizada. Mesmo eu expulsando ela do hospital, dizendo que ela não precisava ficar comigo, ela não saiu. Meu marido cuidava do nosso filho em casa e ela dormia ao meu lado, praticamente todos os dias. A presença dela foi muito importante para minha recuperação.
Lívia: É difícil falar de um momento marcante com ela, porque eu não consigo pensar em mim mesma sem lembrar dela. Com Agatha eu aprendi a olhar as coisas pequenas, nada precisa ser notório. A vida tem que ser essa sucessão de pequenas coisas. E nós passamos por muitos momentos juntas. Nós duas casamos, divorciamos, eu tenho um filho desse relacionamento, ela se casou de novo e tem dois filhos incríveis desse outro relacionamento. Eu sou a madrinha do Benjamin, o filho mais velho dela, e ela é madrinha do meu único filho, o Vitinho. Então, eu não consigo trazer um grande fato, mas eu tenho um monte de coisinhas pequenas do dia a dia que para mim foram muito relevantes.
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