
Linha do tempo: entenda o que aconteceu na Favela do Moinho
Moradores de favela da região central de São Paulo (SP) foram vítimas de violência policial em processo de demolição
Por Beatriz de Oliveira
16|05|2025
Alterado em 16|05|2025
Eu só quero é ser feliz /Andar tranquilamente na favela onde eu nasci, é / E poder me orgulhar / E ter a consciência que o pobre tem seu lugar
Cantando a música Rap da Felicidade, de Cidinho e Doca, os moradores da Favela do Moinho, no centro de São Paulo (SP) comemoraram o acordo anunciado pelo governo federal e estadual. Após dias de demolições, violência policial e resistência intensa da população, as famílias receberam a notícia de que serão realocadas para moradias próprias, pagas pelo poder público.
A notícia representa um alento diante de dias de violações de direitos contra as centenas de pessoas que vivem no local, dentre elas, trabalhadoras, mães, meninas e avós.
Última favela da região central da capital, o Moinho abriga cerca de 800 famílias. Desde 2023, o governo de São Paulo solicitava a cessão do terreno ao governo federal para construção de um parque.
Entenda o que aconteceu na Favela do Moinho através dessa linha do tempo.
22 de abril
O governo de São Paulo iniciou a remoção de parte das famílias que viviam na favela. Até então, as pessoas que aceitassem sair do local receberiam auxílio-aluguel de R$ 800 por mês e seriam destinadas a moradias próprias por meio de Carta de Crédito Associativa (CCA) e Carta de Crédito Individual da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU). O valor limite era de R$250 mil para unidades na região central e R$200 mil para outros bairros.
28 de abril
A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo recebeu audiência pública, promovida pela deputada Mônica Seixas do Movimento Pretas (Psol), que questionou o projeto de remoção da Favela do Moinho.
12 de maio
Tiveram início as demolições na Favela do Moinho, sob protestos dos moradores e violência policial. A comunidade realizou um protesto que afetou o funcionamento das linhas 7-Rubi, 10-Turquesa e 8-Diamante.
13 de maio
Diante da violência da polícia contra os moradores da favela, o governo federal paralisou o processo de cessão da área para a gestão estadual.
Em protesto contra o tratamento violento que receberam, moradores fizeram uma manifestação, que paralisou a Linha 8-Diamante, da ViaMobilidade.
14 de maio
O governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos) mandou novamente a polícia militar ao local. “O envio de policiais para a Favela do Moinho após a violência ocorrida ontem é um sinal claro de terror psicológico do governador Tarcísio de Freitas contra a população para que abandonem o território que ocupam há mais de 20 anos. Não há lógica para este envio da PM depois de o Governo Federal se posicionar em nota contra a demolição das moradias e, principalmente, do emprego de força policial. Ontem, nem as crianças e mulheres grávidas foram poupadas”, afirmou a deputada Ediane Maria (Psol) em nota à imprensa.
15 de maio
O governo federal e a gestão estadual de São Paulo firmaram acordo para oferecer novas moradias às famílias que vivem na favela do Moinho. Ficou definido que o governo federal destinará 180 mil reais em subsídio pelo programa Minha Casa, Minha Vida para cada família, e que o governo estadual fará o subsídio de 70 mil reais por meio do programa Casa Paulistana. No total, cada família terá 250 mil reais para comprar uma nova moradia. Enquanto a compra não for feita, os moradores terão direito a um auxílio-aluguel de R$1.200.