Festival #FicaQuilombaque acontece online neste domingo (4)

Fazem parte da programação KLJay, Tássia Reis, Leandro Lehart, Odisseia das Flores, Discopedia, Jongo do Coreto, Audiozumb, Traice e Tasha Okereke, Denise D’Paula, Moisés da Rocha e Ilu Obá de Mim.

Por Jéssica Moreira

02|10|2020

Alterado em 02|10|2020

A Comunidade Cultural Quilombaque realiza no próximo domingo (4) o Festival #FicaQuilombaque, em comemoração aos 15 anos da organização e também para continuar a campanha pela permanência da sede, no bairro de Perus, região noroeste de SP.
Totalmente virtual e gratuito, o evento será transmitido por meio do canal da Quilombaque no Youtube e também pela página no Facebook, ambas às 15h. Dentre as atrações confirmadas está KLJay, Tássia Reis, Leandro Lehart, Odisseia das Flores, Discopedia, Jongo do Coreto, Audiozumb, Traice e Tasha Okereke, Denise D’Paula, Moisés da Rocha e Ilu Obá de Mim.
Com atividades de promoção à cultura na região há 15 anos, a Comunidade Cultural Quilombaque corre riscos de perder sua sede. Por isso, no princípio de setembro lançou a campanha de financiamento coletivo #FicaQuilombaque para tentar arrecadar o valor necessário para a manutenção do espaço.
O grupo corre contra o tempo. Para seguir, precisam arrecadar ao menos R$ 150 mil, metade do valor pedido pelo proprietário do terreno – R$ 300 mil. Até hoje, a organização já arrecadou 59.647,87.
O local foi alugado por ao menos 13 anos, mas nos últimos dias, o proprietário disse que tinha urgência para quitar uma dívida e que, por isso, precisava do terreno. A organização, que faz aniversário neste mês, já atendeu centenas de meninas e meninos ao longo de uma década e meia e tenta mobilizar moradores para seguir no espaço.

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Jongo do Coreto na Comunidade Cultural Quilombaque (antes da pandemia) / Divulgação

©Thaly Salva


“Sabemos a dificuldade de se manter um espaço cultural ativo na periferia, porém,
ao longo desses 15 anos de existência várias conquistas foram alcançadas, mas
ainda há muitos desafios a se consolidar, neste momento, o maior deles é a
permanência da nossa sede, para que possamos continuar essa construção coletiva das culturas periféricas e a manutenção do nosso Quilombo”, diz a nota de aniversário.
Desde o princípio da ONG, a arte, a cultura e o conhecimento são as ferramentas que vêm sendo utilizadas para pensar as mudanças que desejam tanto no território onde atuam, quanto na sociedade como um todo.
“Somos herdeirxs dxs Trabalhadorxs Queixadas e da Firmeza- Permanente. O
tambor é o nosso princípio organizativo. Com ele cantamos e atentos nos
conectamos ao Axé, gingamos pelo fim do genocídio da população pobre, preta e
periférica, pois onde quer que estejamos, estamos na luta”, diz também a nota.
São exemplos de atividades o jongo, aulas de capoeira, rodas terapêuticas, shows, aulas sobre direitos humanos, polo de cursinho pré-vestibular da Uneafro, trilhas da memória no territórioaulas sobre urbanismo, além de atuarem na construção de importantes políticas públicas em SP, como a Lei de Fomento à Periferia na cidade de São Paulo e o Território de Interesse da Cultura e da Paisagem (TICPs) do Plano Diretor de São Paulo.
História e revitalização
Um dos pontos marcantes da atuação da associação no bairro foi a revitalização de um espaço abandonado. A Agência Mural já mostrou o antes e depois da Travessa Cambaratiba desde a chegada da Quilombaque, em 2007. Até então, a viela situada ao lado da estação de trem da CPTM, causava medo à população, diante de tamanha falta de manutenção pelo poder público.
Desde que foi fundada, em 2005, a Quilombaque tem sido palco das mais diversas expressões culturais, trazendo à população do bairro alternativas de lazer e diversão, onde ainda não há equipamentos culturais mantidos pelo poder público.
Durante dois anos, foi na garagem da casa dos irmãos Cleber e Clébio Ferreira, que as ações foram realizadas. Pouco a pouco, novos atores sociais foram se juntando ao grupo e formando uma teia de atividades culturais, ambientais e educativas, tornando o espaço da garagem pequeno demais para a criatividade do grupo. Em 2007, migraram para o espaço que hoje correm o risco de perder.