“É preciso contar às pessoas que a comunidade bissexual também é discriminada e carece de políticas públicas”

O “Guia de Boas Práticas para Coberturas Jornalísticas sobre Bissexualidade", lançado no último sábado (21/6), provoca comunicadores a repensar a forma como a bissexualidade é representada na mídia

Por Amanda Stabile

26|06|2025

Alterado em 26|06|2025

“Esperançar uma prática jornalística que reconheça as existências bissexuais em sua pluralidade me trouxe até aqui”, afirma Jess Carvalho, autora do “Guia de Boas Práticas para Coberturas Jornalísticas sobre Bissexualidade“, lançado no último sábado (21/6) em São Paulo (SP). O material, resultado de uma pesquisa cuidadosa no Programa de Pós-Graduação em Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa, provoca comunicadores a repensar a forma como a bissexualidade é representada na mídia.

Bissexualidade: “Bissexuais são pessoas para quem o gênero não é um fator determinante da atração sexual ou afetiva” (Frente Bissexual Brasileira)

Entre os temas abordados, estão a desconstrução de fake news, como a ideia de que a bissexualidade é “uma fase” e o incentivo ao uso de termos que reconheçam a pluralidade da experiência bi, sem reforçar binarismos. “Não existe uma narrativa única para a bissexualidade. Há muitos jeitos de ser bissexual”, reforça a autora na publicação, destacando a diversidade dentro dessa identidade.

Outro ponto crucial é a necessidade de nomear a bifobia – opressão contra pessoas que sentem atração afetivo-sexual por pessoas de mais de um gênero. Jess explica que muitas pessoas ainda negam que ela exista, enquanto, na realidade, a bifobia provoca violências concretas, como o preconceito que associa pessoas bissexuais à promiscuidade ou ao vetor de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). O guia também chama atenção para casos graves, como estupro “corretivo”, que afetam especialmente mulheres bi negras.

Mais do que orientar, Jess provoca:

É preciso usar o jornalismo como ferramenta de transformação social, agindo para que a bifobia seja vista, discutida e problematizada até que sejam criados mecanismos para combatê-la.

O material também traz dicas práticas, como evitar suposições sobre a orientação sexual de fontes e priorizar a escuta de pessoas pesquisadoras e do movimento bissexual organizado. Além disso, oferece um “Checklist de Bolso” com cinco perguntas que ajudam a evitar gafes comuns, além de um glossário que explica os principais termos relacionados à bissexualidade. Sugestões de fontes confiáveis também são incluídas para apoiar jornalistas a encontrar informações precisas e representativas.

O “Guia de Boas Práticas para Coberturas Jornalísticas sobre Bissexualidade” está disponível gratuitamente no site da Editora Trôpego. Acesse aqui.