‘Dias melhores virão’: mulheres negras comentam vitória de Lula
Eleitorado feminino de baixa renda está entre os que mais apoiam vitória de Lula e rejeitam Bolsonaro.
Por Beatriz de Oliveira
03|11|2022
Alterado em 04|11|2022
A partir de 2023, o Brasil será governado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No último domingo (30), o pernambucano levou a maioria dos votos válidos (50,9%) na eleição presidencial mais acirrada do país. Entre o público que mais apoia o petista estão as mulheres negras e periféricas. Elas, também são as que mais rejeitam o atual presidente Jair Bolsonaro (PL).
Liliana da Silva vive na comunidade do Giriquiti, em Peixinhos, bairro de Olinda (PE)
©arquivo pessoal
Liliana da Silva é uma dessas mulheres. Nascida no mesmo estado de Lula, ela vive na comunidade do Giriquiti, em Peixinhos, bairro de Olinda (PE). Recebeu com entusiamo a vitória do petista nas urnas. “Estou com muita esperança que dias melhores virão. Votei no Lula porque a gestão desse governo atual não me representa (…) minha escolha é pela melhoria da qualidade de vida da população preta”.
Nas eleições de 2022, a população do Nordeste votou em peso no Lula, o que já era esperado conforme histórico apoio da região a candidatos petistas. Foram 69,34% dos votos válidos para o nordestino e 30,66% para o adversário, considerando todos os nove estados da região. Em Olinda, cidade de Liliana, Lula recebeu 58,82% dos votos.
Guiniver Souza mora no Jaraguá, zona noroeste de SP.
©arquivo pessoal
Em São Paulo (SP), Guiniver Souza também se alegrou com a vitória do candidato petista nas urnas. “Ainda que aliançado ao Candidato psbista [Geraldo Alckmin], era a opção mais resoluta contra a barbárie”, afirma. Guiniver é arte-educadora, poeta e graduanda em Pedagogia.
Moradora do Jaraguá, região noroeste da capital paulista, Guiniver explica seu voto em Lula: “como educadora que sou, seria uma ‘contradição pedagógica’ apoiar candidatos cujos discursos não preveem qualidade de vida, moradia, alimentação, acesso e permanência escolar equânimes para a maior parcela da população trabalhadora das periferias”. A maioria da população da zona eleitoral Jaraguá seguiu a mesma escolha que a educadora. No segundo turno das eleições 2022, foram 53,54% para Lula contra 46,46%, conforme apontam dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em plataforma do portal G1.
Lula obteve vantagem também em várias outras periferias de São Paulo. No Grajaú e no Capão Redondo, zona sul, foram 66,06% e 62,33% dos votos para o petista, respectivamente. Em Guaianases e em São Mateus, zona leste, foram 59,30% e 57,95%.
Guiniver considera que essa eleição não foi apenas uma escolha entre dois candidatos, mas entre a “democracia e a barbárie”. Para ela, a lógica foi escolher pela manutenção dos direitos fundamentais previstos na Constituição. “Os últimos quatro anos foram um pesadelo ruim para todos os brasileiros com consciência de classe”, finaliza.