Dia da Mulher Negra: Marcha fará ato online com intervenções de rua
Com o mote “Nem cárcere, nem tiro, nem Covid: corpos negros vivos! Mulheres negras e indígenas! Por nós, por todas nós, pelo bem viver!”, a Marcha de Mulheres Negras de São Paulo vai apresentar uma programação online e intervenções de rua.
Por Redação
22|07|2020
Alterado em 22|07|2020
Pelo quinto ano seguido, mulheres negras do estado de São Paulo apresentam suas reivindicações para toda a sociedade alertando-a contra o projeto genocida em todas as esferas de governo, e sua visão de mundo com base no Bem Viver. Esse ano, porém, por causa da pandemia, a manifestação não vai reunir as milhares de pessoas nas ruas da capital paulista, mas vai conectá-las de onde estiverem, em qualquer parte do mundo.
Com o mote “Nem cárcere, nem tiro, nem Covid: corpos negros vivos! Mulheres negras e indígenas! Por nós, por todas nós, pelo bem viver!”, a Marcha de Mulheres Negras de São Paulo vai apresentar uma programação online, e intervenções de rua que serão transmitidas ao vivo no dia 25 de Julho – Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha e Dia Nacional de Teresa de Benguela.
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A programação online começa a ser transmitida às 14h, com uma live de abertura conduzida por Yalorixás, saudando a ancestralidade. Em seguida, às 15h, será exibida programação infantil. Durante a Marchinha, as crianças vão assistir a contação de histórias, oficinas de bonecas abayomi, oficinas de confecção de instrumentos africanos e indígenas, e apresentação da palhaça Pururuca.
Às 16h, o bloco afro Ilú Obá de Min promove uma aula-espetáculo apresentando toques de ritmos afrodiaspóricos usados em sua bateria. Às 17h30, acontece a live “Marcha das Mulheres Negras 5 anos: perspectivas de futuro pós-covid”, produzida em parceria com o Sesc Itaquera, que vai relembrar a histórica marcha de 2015, na qual 50 mil mulheres negras se manifestaram em Brasília; analisar a conjuntura social e política, além de pontuar nossos anseios para o pós-pandemia.
Às 19h, poetas negras cis e trans promovem um sarau literário e uma homenagem póstuma a Tula Pilar e Helena Nogueira. Às 20h, será realizada a live “Genocídio, Feminicídio, encarceramento e outras formas de nos matar”, que vai debater os temas presentes no mote deste ano. Luana Hansen e Samba Negras em Marcha encerram a programação, a partir das 21h30.
Além da programação online, mulheres negras farão intervenções de rua, pela manhã, com faixas nas cinco regiões da cidade e na cidade de Santos. À noite, prédios receberão projeções com palavras de ordem e imagens históricas relacionadas ao combate ao racismo, ao machismo e a lesbotransfobia.
A Marcha resiste porque a luta não pára. No Brasil, a pandemia escancarou as desigualdades econômicas, sociais e raciais. A crise sanitária mostrou que o racismo estrutural impõe à população negra a maior vulnerabilidade diante da COVID-19, pois é esta parcela da população que segue sem acesso aos direitos básicos de saúde, saneamento, educação e moradia, particularmente, mulheres negras, pobres e trabalhadoras informais
“Erguemos nossas vozes contra o encarceramento em massa, o capacitismo, a lesbofobia, a transfobia, a intolerância religiosa, a xenofobia, o etarismo e em defesa de todas as Mulheres Negras, onde quer que elas estejam. Resgatamos nossa aliança de parentesco com as indígenas e marchamos pela construção de um novo marco civilizatório, no qual todas as mulheres negras possam viver com dignidade, alegria e prazer”, ressalta trecho do manifesto lançado pelo coletivo.