Dia da Consciência Negra: dados revelam desafios vividos por mulheres negras
O Nós, mulheres da periferia compilou dados relacionados à saúde, estudo e trabalho do cuidado
Por Beatriz de Oliveira
19|11|2025
Alterado em 19|11|2025
Neste 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, o Nós, mulheres da periferia compilou dados que mostram avanços e desafios vividos por mulheres negras no Brasil. Pesquisas relacionadas à saúde, estudo e trabalho do cuidado revelam que ainda temos muito pelo que reivindicar para esse grupo populacional.
Confira os dados.
Mais tempo em tarefas domésticas
Mulheres negras são as que gastam mais tempo em tarefas domésticas. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2022, as mulheres dedicaram, em média, 21,3 horas semanais aos afazeres domésticos e/ou cuidado de pessoas, enquanto os homens gastaram 11,7 horas. As mulheres pretas ou pardas dedicaram 1,6 hora a mais por semana nessas tarefas do que as brancas.
Presença nas universidades
A proporção da população preta com 25 anos ou mais de idade e nível superior completo cresceu 5,8 vezes entre 2000 e 2022, saindo de 2,1% para 11,7%, segundo o IBGE. Já a população parda com esse nível de ensino cresceu 5,2 vezes, de 2,4% para 12,3%.
No entanto, a desiguladade entre brancos e negros nas universidades ainda persiste: a taxa de conclusão do ensino superior entre brancos foi de 25,8% em 2022, o dobro da registrada para negros.
Saúde das gestantes
O número de mortes de gestantes por hipertensão caiu entre mulheres indígenas (quase 30%), brancas (-6%) e pardas (-1,6%), mas aumentou 5% entre mulheres pretas brasileiras entre 2010 e 2020, de acordo com o Boletim Epidemiológico Saúde da População Negra.
Além disso, a proporção de crianças nascidas vivas com peso menor que 2,5kg aumentou entre as mães pretas, passando de 8%, em 2010, para 10,1% em 2020. O percentual também aumentou para pardas e indígenas. O peso ao nascer é um dos indicadores de saúde e sobrevivência infantil, tendo em vista que crianças nascidas com peso abaixo de 2,5kg apresentam maior risco de mortalidade.
Pesquisadoras
A proporção de pesquisadores negros e negras que lideram grupos de pesquisa no país quase triplicou entre 2000 e 2023: passou de 8,1% para 22,6% do total, segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG).
No entanto, ainda há sub-representatividade da população negra nessa área. Nas pesquisas relacionadas à física, por exemplo, mulheres negras coordenam apenas 4,4% dos grupos de estudo.