Apenas 7,4% das escolas de áreas quilombolas dispõem de material pedagógico específico para a diversidade sociocultural. O dado é do Anuário Brasileiro da Educação Básica 2025, lançado no dia 25 de setembro e elaborado por Todos Pela Educação, Fundação Santillana e Editora Moderna. A pesquisa traz um panorama sobre o cenário da educação básica no país, com dados sobre temas como educação inclusiva, equidade étnico-racial e infraestrutura escolar. 

Confira alguns dados do estudo. 

Equidade racial 

Segundo o levantamento, entre 2013 e 2023, a desigualdade na aprendizagem entre estudantes brancos, amarelos, negros e indígenas aumentou. Aos 19 anos, idade máxima esperada para o término do ensino médio, 79,4% dos estudantes brancos estão com essa etapa concluída, em contraste com 66,6% dos jovens pardos e 62,1% dos pretos.

Além disso, no Saeb 2023 (Sistema de Avaliação da Educação Básica), com foco em Língua Portuguesa e Matemática, os estudantes brancos e amarelos do 5º ano do Ensino Fundamental ficaram 13,5% à frente dos pretos, pardos e indígenas.

Educação inclusiva 

Em relação à educação inclusiva, quase 30% das escolas brasileiras apresentam barreiras de acessibilidade. Os banheiros adaptados estão presentes em apenas 54,8% das instituições de ensino. Já as unidades com recursos multifuncionais para o Atendimento Educacional Especializado (AEE), componente importante da política de inclusão, chegaram a 25,1%.

Acesso à creche 

Dificuldades de acesso impedem que 19,7% das crianças de 0 a 3 anos sejam atendidas na educação básica, o que inclui falta de vagas, ausência de creches ou longa distância para acessá-las. Há ainda um dado positivo: entre 2014 e 2024, o índice de crianças nessa faixa etária matriculadas na educação básica passou de 29,7% para 41,2%.

Os dados do anuário também mostram as desigualdades existentes desde a primeira infância: entre os 20% mais pobres, 30,6% das crianças têm acesso à creche; já entre os 20% mais ricos o atendimento é de 60%.

Infraestrutura das escolas 

Apenas 48,2% das escolas estão conectadas à rede pública de esgoto, ao passo que 79% são atendidas por serviço de coleta de lixo. Cerca de 95,4% das escolas públicas têm acesso à internet, no entanto só 44,5% delas estão conectadas de acordo com parâmetros adequados para o uso pedagógico em sala de aula.

Em relação à climatização das salas de aula, somente 38,7% das salas em uso contam com algum tipo de equipamento, como ar-condicionado, aquecedor ou climatizador. “Esse dado merece atenção, especialmente diante das evidências que comprovam o impacto negativo do calor no desempenho dos estudantes. Em um cenário de crise climática, oferecer condições adequadas de conforto térmico é um suporte essencial ao processo de aprendizagem”, aponta a pesquisa.