Você já se sentiu uma impostora? Na vida, na profissão e em diversas situações do cotidiano, muitos de nós sentimos que, a qualquer momento, vão descobrir que somos uma farsa, que não somos bons o suficiente para realizar nossas tarefas ou para ocupar determinada posição. É o que chamamos de “síndrome do impostor”.
Na 66ª edição do Conversa de Portão, Jéssica Moreira e Semayat Oliveira, jornalistas e cofundadoras do Nós, mulheres da Periferia, convidaram Ariane Kwanza Tena, que é mestre em educação na área da psicologia, para conversar sobre esse assunto a partir da perspectiva racial.
Iniciando a conversa, Ariane explica que esse conceito surgiu na década de 1970, cunhado por duas psicólogas americanas, Pauline Rose Clance e Suzanne Imes. Nesse período histórico, diversas mudanças sociais e lutas por direitos civis estavam acontecendo nos Estados Unidos, como o direito dos negros ao voto, o assassinato de Malcon X, Martin Luther King e de líderes do Pantera Negra.
“Nesse mesmo período, um psicólogo afrocêntrico afirma que o racismo, enquanto sistema, aniquila o autoconhecimento, o autoentendimento e a inteligência das pessoas negras”, conta.
Ou seja, isso contribui para que as pessoas negras estejam mais propensas à síndrome do impostor, já que o racismo age para que não se reconheçam enquanto intelectualmente capazes.
Mas como não se paralisar frente à síndrome do impostor? Ariane apontou que o tratamento psicoterapêutico pode ajudar, mas também é importante pensar para quem nós delegamos o cuidado do nosso ori, da nossa mente. “É importante estar atento para onde nós vamos procurar esse tipo de apoio, senão vamos intensificar ainda mais o sofrimento”, concluiu.
O Conversa de Portão é um podcast produzido pelo Nós, Mulheres da Periferia em parceria com UOL Plural, um projeto colaborativo do UOL com coletivos e veículos independentes. Novos episódios são publicados toda terça-feira.