Conversa de portão #10: mulheres negras fazem a democracia avançar

"Precisamos empurrar a agenda mais transformadora pro interior da política institucional. E aí acho que a gente está bem organizada, tanto aqui quando nos Estados Unidos", diz a socióloga Ana Carolina Lourenço

Por Redação

20|11|2020

- Alterado em 20|11|2020

No décimo episódio do podcast Conversa de Portão, a jornalista Semayat Oliveira conversou com Ana Carolina Lourenço, socióloga e  coordenadora política do projeto Mulheres Negras Decidem. Logo após as eleições municipais de 2020, a conversa é sobre o aumento de mulheres negras no espaço legislativo.

No Brasil ou nos Estados Unidos, as últimas semanas têm sido de disputa política e a pauta racial – assim como a presença massiva e histórica das mulheres negras neste cenário – são destaques. Neste ano, as candidaturas negras dispararam.

Na opinião de Ana Carolina, estamos  vivendo um momento de ascensão e fortalecimento da agenda antirracista, a nível global e nacional. “Para além desse número histórico de mulheres negras que se candidataram, que assumiram as câmaras locais no Brasil, existiu também um movimento ativo da sociedade civil, de movimentos sociais coletivos, sobretudo da juventude negra, liderado sobretudo por mulheres negras, de criar estratégias eleitorais de domínio da política institucional”, diz.

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Em comparação a última eleição dos Estados Unidos, a socióloga acredita que a diferença do resultado, que deu vitória para Joe Biden e sua vice-presidente, Kamala Harris, foi consequência da atuação de grupos do movimento negro, como o Black Lives Matter. Para ela, no Brasil acontece o mesmo.

“Temos grandes articuladoras políticas, pessoas que estão pensando estratégia, como Mulheres Negras Decidem, Vote em Preta, Blogueiras Negras, Enegrecer a Política. Ou seja, um conjunto de mulheres negras que não se candidataram, mas que criaram bases para isso”.

Ao final da entrevista, com os olhos já em 2020, Ana Carolina destaca a importância de manter a mobilização para uma mudança desde já. “Precisamos empurrar a agenda mais transformadora pro interior da política institucional. E aí acho que a gente está bem organizada, tanto aqui quando nos Estados Unidos”.

Este conteúdo faz parte do Quebrada Comunica, projeto de fortalecimento do campo da comunicação periférica da cidade de São Paulo idealizado pela Rede Jornalistas das Periferias em parceria com o Instituto de Referência Negra Peregum, Uneafro Brasil e o Fórum de Comunicação e Territórios

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