Com clipe “Pretas Panteras”, Débora Garcia homenageia Tereza de Benguela e Angela Davis
Para refletir sobre o papel da mulher negra no mundo, a poetisa Débora Garcia lança, nesta terça-feira (25) o clipe da música Pretas Panteras na Ação Educativa, no centro de São Paulo, com entrada gratuita. O clipe, assim como a música, é uma reverência à data, em que comemora-se o Dia da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha […]
Por Lívia Lima
25|07|2017
Alterado em 25|07|2017
Para refletir sobre o papel da mulher negra no mundo, a poetisa Débora Garcia lança, nesta terça-feira (25) o clipe da música Pretas Panteras na Ação Educativa, no centro de São Paulo, com entrada gratuita.
O clipe, assim como a música, é uma reverência à data, em que comemora-se o Dia da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha e também o dia da líder quilombola Tereza de Benguela. Além disso, o material audiovisual também presta homenagem ao Partido Panteras Negras, em especial à ativista negra Angela Davis.
O lançamento do clipe vai contar também com a participação do elenco da produção, discotecagem da Dj Cris Laddybrown e apresentação musical da rapper Bia Doxum. Haverá também um bate-papo com mediação da Landy Freitas sobre a representatividade da mulher negra no rap e no audiovisual. A diretora do clipe, Joyce Prado, também participa, abordando os desafios da produção audiovisual na periferia.
Para a artista, é importante utilizar a arte para falar sobre as referências históricas que pautam os movimentos culturais. “Por meio do videoclipe, conseguimos falar sobre pessoas que tiveram contribuições extremamente relevantes no que se refere à produção de referencial teórico sobre o feminismo negro e também sobre luta. Vejo isso como uma forma de fortalecer a nossa história e também de fomentar a nossa luta no presente”, destacou.
Leia Mais – Entrevista com Débora Garcia: “O cabelo crespo é a coroa da mulher negra”
O vídeo conta também com as poetas Elizandra Souza, Thata Alves, Jô Freitas, Andréia Rosa e Deusa Poetisa, com as grafiteiras Marisa Sooul e Pamela Rosa, com a Dj Cris Laddybrown, a MC Luana Hansen e as irmãs B. Girls Larissa e Letícia Rocha.
“Todas elas são mulheres negras, artistas que são referências no cenário cultural periférico da cidade de São Paulo. Na produção musical está Tico Pró, da Indigo Music. Eu busquei reunir no clipe artistas negras (os) de diferentes linguagens justamente para mostrar o nosso potencial. O mercado artístico brasileiro ignora a existência desses profissionais, como se não tivéssemos mão de obra qualificada. Todas as pessoas envolvidas na produção são negras, por uma opção política e estética. E fizemos um trabalho primoroso”, pontuou Débora.
Artistas que participaram do clipe (Créditos: Elaine Campos)
Sobre a música e o clipe
De acordo com a poetisa, por ter uma relação muito próxima com a música, a maior parte de seus poemas são carregados de musicalidade, como é o caso do poema-canção Pretas Panteras. “Eu o escrevi no final de 2015 e, diante da musicalidade, decidi trabalha-lo com a métrica do rap, que nada mais é do ritmo e poesia. A escolha se deu também porque o rap tem um apelo muito grande com nossos jovens e eu entendi que seria uma forma bastante interessante de trabalhar a mensagem sobre feminismo negro com eles, principalmente nos saraus que realizo em escolas”, lembrou.
Ainda conforme Débora, a música começou a ser apresentada nos saraus, conquistando, de imediato o público. “As pessoas começaram a gravar minhas apresentações com o celular e postar nas redes sociais, espalhando a música. Muita gente vinha me perguntar onde poderiam encontrar a música e isso me incentivou a gravá-la”, contou.
Vivências com a música e o audiovisual
Apesar de se definir como escritora, Débora Garcia traz em sua história uma grande relação com a música e com as artes cênicas. Já participou de diversos curtas-metragens. O menino e o livro (2010), sua primeira experiência, foi produzido na Oficina Tela Brasil na cidade de Suzano, em parceria com a Buriti Filmes. Este foi premiado com Menção honrosa no II Festival Cultural de Cinema de São Simão.
Em 2011 participou do DVD CenoPoesiaMusicadaMarginal produzido pelo Coletivo Cultural Marginaliaria. No mesmo ano, participa do CD de Literatura I produzido pela Associação Cultural Literatura no Brasil.
Em 2013 estreou o curta Vidas de Carolina, no qual interpreta a escritora Carolina Maria de Jesus. O projeto da diretora Jéssica Queiroz foi contemplado pelo Prêmio Criando Asas, do Instituto Criar de Cinema, TV e Novas Mídias. Ainda neste ano, produz e atua no Vídeo Literatura Volume II e em 2014, no Vídeo Literatura Volume III; ambos produzidos pela Associação Cultural Literatura no Brasil. Por fim, em 2014 escreve Carolina – A Joia da favela, sua primeira peça teatral, na qual novamente interpreta a escritora Carolina Maria de Jesus. Recentemente têm utilizado a linguagem audiovisual para divulgar seus poemas.
Com relação à música, já participou do Coral Municipal de Suzano e também já fez aulas particulares de canto. No entanto Pretas Panteras é o seu primeiro trabalho musical profissional.
“Eu nunca perdi de vista a minha relação íntima com a literatura. Sou escritora. Foi a partir dessa linguagem que me inseri no universo artístico. No entanto não quero que isso seja uma amarra para mim. Quero vivenciar tudo o pode me acrescentar enquanto ser humano e artista. Ademais, acredito que a música e as artes cênicas, assim como a literatura, se propõem a contar uma história, só que com outras linguagens”.
Lançamento do clipe Pretas Panteras
Data: terça-feira (25), às 19h.
Endereço: Ação Educativa – Rua General Jardim, 660, Santa Cecília – São Paulo, SP