Coletivo feminista realiza 1ª Mostra de Cinema da Mulher em Franco da Rocha
Desconstruir estereótipos por meio da sétima arte. Isso é o que propõe o Coletivo Baciada das Mulheres do Juquery na realização da 1ª Mostra de Cinema da Mulher, que acontece no município de Franco da Rocha (grande São Paulo) de sexta-feira a domingo (26, 27 e 28/2). Os documentários e filmes são produções que retratam, essencialmente, […]
Por Jéssica Moreira
24|02|2016
Alterado em 24|02|2016
Desconstruir estereótipos por meio da sétima arte. Isso é o que propõe o Coletivo Baciada das Mulheres do Juquery na realização da 1ª Mostra de Cinema da Mulher, que acontece no município de Franco da Rocha (grande São Paulo) de sexta-feira a domingo (26, 27 e 28/2).
No devagar depressa do tempo | Divulgação
Os documentários e filmes são produções que retratam, essencialmente, o nordeste brasileiro. Não à toa, já que Franco da Rocha é uma cidade formada, majoritariamente, por migrantes vindos de estados nordestinos em décadas passadas.
“Os filmes falam sobre a realidade das mulheres neste cenário machista e pobre, e com uma linguagem que certamente dialogará também com as mulheres que ainda não tiveram nenhum contato com o feminismo”, aponta Meire Ramos, uma das co-fundadoras do Baciada. (Confira abaixo a sinopse e programação completa da Mostra)
“A ideia é que esse evento contribua com o nosso processo de desconstrução e também que através das rodas de bate-papo possamos nos fortalecer na luta feminista”, completa Mariana Moura, também do Baciada.
Criado em agosto de 2015, o coletivo é formado por seis mulheres moradoras da região, que identificaram a falta de espaços para discutir as opressões que ainda hoje persistem em suas vidas e de suas iguais. “Tínhamos que nos retirar de nossa realidade para nos fortalecer enquanto mulheres, nos deslocando até o centro da cidade de São Paulo e nos depararmos com outras vivências que não contemplavam a nossa periferia”.
O grupo, então, passou a se reunir para a leitura de textos, quando perceberam a necessidade de criar uma coletivo que, para além do entendimento sobre o feminismo, também desse apoio a mulheres que enfrentam ou já passaram por vivências abusivas. Hoje, se reúnem quinzenalmente e, em 2015, uma ação com colagem de lambe-lambe sobre a temática feminista em praças, pontos de ônibus e nos postes da cidade de Franco da Rocha aumentou ainda mais a vontade de se conectar às mulheres da comunidade.
“Queremos nos apropriar da nossa região e nos impor como mulheres aqui, onde o machismo está tão impregnado e precisa ser discutido também. No geral, as periferias de SP são muito violentas e o índice de violência contra as mulheres só aumenta, queremos mudar essa história. Atuar como um coletivo feminista periférico em Franco da Rocha é um ato de ousadia, queremos romper com esse ciclo infinito que afeta as mulheres que vivem nessas regiões invisibilizadas pela grande Metrópole”, aponta Mariana Moura, uma das co-fundadoras do coletivo.
Programação
O curta-metragem No devagar depressa dos tempos, de Eliza Capai, marcará a abertura da mostra, na sexta-feira (26). Em 10 minutos, a história traz a realidade das mulheres de uma cidade localizada no sertão do Piauí, Guaribas, e discute como suas vidas se transformaram após a vinda do programa Bolsa Família para a região.
No mesmo dia acontece a exibição do documentário Virou o Jogo: A História de Pintadas, de Marcelo Villanovas, que traz a narrativa de mulheres da cidade de Pintadas (BA), que se levantaram contra o machismo que as envolvia, a partir de mudanças de hábitos no cotidiano. Para encerrar o dia, a Mostra conta com uma roda de bate-papo com uma das co-fundadoras do Nós, mulheres da periferia, a jornalista Jéssica Moreira, e com show do grupo de hip-hop Odisseia das Flores.
Preciosa| Divulgação
Produções internacionais que discutem a questão de gênero e raça também farão parte da Mostra. No sábado (27), será exibido Uma História de Esperança, de Lee Daniels (EUA). O longa conta a trajetória de uma garota afro-americana de 16 anos que se depara com uma série de privação de seus direitos aliado ao bullying por não estar dentro dos padrões exigidos pela sociedade. Após o filme, haverá roda de conversa com a cineasta Dandara Gomes. Para fechar o evento, no domingo (27) será exibido o filme 4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias, de Cristian Mungiu (Romenia), que conta a difícil história de duas meninas que tentar realizar aborto ilegal no fim da década de 1980, em plena ditadura de Nicolae Ceausescu. O encerramento contará com conversa entre o público e a roteirista Iana Cossoy.
Programação completa
Dia 26/02 – 20h | Calçadão em frente à Casa de Cultura
“No Devagar Depressa dos Tempos”, Eliza Capai | Brasil – 2015 | Documentário
“Virou o Jogo: a história de pintadas”, Marcelo Villanova | Brasil – 2012 | Documentário
Roda de conversa com Jéssica Moreira (Nós, Mulheres da Periferia)
Show de encerramento com Odisseia das flores
Dia 27/02 – 20h | Casa de Cultura
“Preciosa: uma história de Esperança”, Lee Daniels | EUA – 2010 | Drama
Bate-papo sobre o filme com Dandara Gomes
Dia 28/02 – 18h | Casa de Cultura
“4 meses, 3 semanas e 2 dias”, Cristian Mungiu | Romênia/Bélgica – 2007 | Drama
Bate-papo sobre o filme com Iana Cossoy
Serviço
1ª Mostra de Cinema da Mulher de Franco da Rocha
Data: de 26 a 28/2
Local: Casa de Cultura de Franco da Rocha (em frente à estação de trem da CPTM, ao lado da Igreja Católica – Centro).