Clube de leitura empodera crianças do Complexo do Alemão (RJ)
Creche na favela incentiva a escrita criativa com debate de raça e gênero com o projeto "Liberte a História de Uma Mulher Incrível"
Por Karoline Miranda
01|07|2024
Alterado em 01|07|2024
“Nossos passos vêm de longe”: as palavras da pensadora Jurema Werneck refletem a proposta do projeto “Liberte a História de uma mulher incrível”, que consiste na contação e produção de histórias para crianças atendidas pela Recreação Infantil Estrelinha. O objetivo é contribuir para as discussões da equidade de gênero na infância. Em 2024, o projeto está na segunda fase, na qual são trabalhadas as narrativas das crianças sob a perspectiva de raça e gênero. As atividades acontecem na Recreação Infantil Estrelinha, na área 5, no Complexo do Alemão, favela da zona norte do Rio de Janeiro.
A iniciativa foi pensada pelas educadoras Carolina Marinho e Rosangela Marinho, que acreditam em uma educação em prol da equidade de gênero: “ A Isabela nos visitou com o Projeto Frida vai à Escola e ficamos encantadas. Convidamos ela para continuar conosco durante o ano”. Em 2023, foram contadas histórias de mulheres que tiveram uma contribuição significativa para sociedade: Carolina de Jesus, Marie Curie, Marie Anning, Anne Franklin, Sônia Guajajara e Conceição Evaristo.
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“A metodologia deste trabalho visa, em primeiro lugar, apresentar às crianças uma gaiola, onde está a história de uma mulher transgressora à sua época. Conversamos sobre a importância da liberdade e, a partir daí, as crianças soltam a imagem de uma mulher incrível, transmitindo a ideia de que essas vozes possam ecoar e romper com as histórias de silenciamentos na qual as mulheres estão condicionadas em uma sociedade machista. Após libertarem a imagem, inicia-se a contação, seguido por um debate sobre equidade de gênero e raça em diversas áreas do conhecimento como: literatura, esporte, pesquisa, entre outras”, argumenta a pedagoga e pesquisadora Isabela Vique.
Usando essa proposta, em 2024 as crianças serão estimuladas a construir histórias com foco no protagonismo feminino, especificamente valorizando as narrativas de mulheres do Complexo do Alemão. A cada encontro mensal, os(as) beneficiários(as) do projeto contarão uma história; juntas, elas serão organizadas em um livro ao fim do ano.
O Projeto Frida vai à Escola foi idealizado por Isabela, que também é Doutoranda em Educação, selecionando obras que debatam a promoção da equidade de gênero na infância: “O Frida vai à Escola é, na verdade, uma página no Instagram, onde eu converso com professoras sobre a possibilidade de uma educação não sexista. Ele funciona como uma metáfora para dizer que a história da humanidade pode ser contada a partir de outras vozes, outros pontos de vista: o ponto de vista das mulheres. Que nossas práticas cotidianas com as crianças precisam se pautar no protagonismo infantil e não na separação por gênero. As meninas realmente gostam mais de rosa e os meninos de azul? Ou nós não damos a chance delas escolherem quais são, de fato, as suas cores prediletas?” Isabela continua: “Com a visibilidade da página, passei a ser convidada para visitar escolas e demais instituições educativas, com o meu projeto “Liberte a história de uma mulher incrível”. Foi assim que cheguei à Recreação Infantil Estrelinha”.
Atualmente, a instituição atende 150 crianças de 0 a 10 anos em situação de vulnerabilidade social e funciona há 33 anos na região sob a administração de Rosangela Marinho e Carolina Marinho. Para contribuir com a Recreação Infantil, entre em contato pelo e-mail:jornalista.cmarinho@gmail.comou pelo instagram: @fridavaiescola ou @bibliotecathalitarebouca_cpx.