Clima de quebrada: projeto na Brasilândia discute sobre as mudanças climáticas

Conheça o projeto de formação e intervenção comunitária do Instituto Perifa Sustentável na Vila Brasilândia

06|11|2023

- Alterado em 06|11|2023

Por Amanda Costa

Fala minha lindeza climática, belê?

A primavera é a minha estação preferida! Esse é o mês do meu aniversário e parece que, juntamente com o desabrochar das flores, vem o desabrochar de reflexões, ideias e projetos. Com o Instituto Perifa Sustentável, demos vida ao projeto #ClimaDeQuebrada, um programa de formação e intervenção comunitária na Brasilândia.

Agora que nasceu, tá aí bonitão, colorindo o mundo.

Mas esse foi um rolê que deu trabalho, viu? Diversas reuniões, planejamentos, conversas, protótipos, discussão, estresse, sorrisos, vontade de matar meus parceiros de equipe e uma alegria imensa por dar vida a um programa construído por pessoas periféricas para pessoas periféricas.

Agora vem cá, que vou te contar o que a foto bonita do Instagram não mostra: os bastidores para colocar esse projeto em prática!

O sonho de aplicar formações socioambientais para jovens na quebrada é antigo no meu coração, mas faltava tempo, energia e recursos financeiros! Já tinha conversado com as minhas sócias-fundadoras, Gabriela e Mahryan sobre essa vontade, escrevemos um projeto, montamos a apresentação no Canva e fizemos reuniões com potenciais financiadores.

A expectativa estava alta, mas nada aconteceu. Deixamos o projeto na gaveta e decidimos focar em outras demandas.

De repente, em março de 2023, diveeeeersas pessoas da minha rede me mandaram o edital “Mulheres Liderando a Ação Climática”, do Fundo Casa Socioambiental. Lembro como se fosse ontem: Rafis, Thais e eu sentados numa lanchonete aqui na Brasilândia, escrevendo o projeto com muita emoção, lutando para falar a chamada de até 35k no último dia do prazo.

Apesar da emoção, no final deu tudo certo e em julho recebemos a feliz notícia que o nosso projeto havia sido aprovado para esse fundo! Aí começa os tchurururu para dar vida ao que antes era apenas uma ideia: reuniões de planejamento, divisão de tarefas, alinhamento… Esse foi o segundo edital que passamos (o primeiro foi o ELAS PERIFÉRICAS, um fortalecimento institucional da Fundação Tide Setubal) mas o primeiro que precisamos desenvolver um projeto na nossa quebrada.

Para nos apoiar com toda a implementação, abrimos um processo seletivo e contratamos a Stephanie Araújo, uma arte-educadora apaixonada por jovens que tem o sonho de fazer faculdade de pedagogia.

Também fizemos uma parceria com a DRE – Diretoria Regional de Educação e escolhemos começar as formações na EMEF Teotonio Vilela SEN, a escola de ensino fundamental do CEU PAZ. Em suma, o projeto tem o objetivo de formar 50 professores e 200 alunos dos 7º e 8º anos, nos temas de:

1

Mudanças Climáticas e Racismo Ambiental

2

Educomunicação e Saberes do Território

3

Protagonismo Juvenil e Formas de Participação

4

Intervenção Comunitária na Brasilândia

Para garantir o sucesso da implementação do #ClimaDeQuebrada, fizemos uma parceria com o grêmio da escola, que deu várias ideias de mobilização dos estudantes, como falar na rádio da escola, distribuir panfletos, fazer atividades junto aos professores de ciência, história e geografia, construir uma hortinha comunitária e colocar a pauta climática na próxima edição do jornal do Céu Paz.

Instituto Perifa Sustentável, Brasilândia, Amanda Costa, clima de quebrada

©Arquivo pessoal

De acordo com Marcelo, coordenador pedagógico da escola,

Para combater o racismo ambiental é de grande valia formar os estudantes, para que eles possam mudar os contextos em que vivem e (…) fortalecer suas comunidades em relação aos seus direitos socioambientais

Eu tive a honra de iniciar as facilitações e nessa semana, dei a primeira aula sobre Mudanças climáticas e Racismo Ambiental. Foi desafiador, confesso! Principalmente perceber que o tema que discuto no meu dia-a-dia estava tão distante da minha periferia. Masssss, vesti a camiseta do Instituto Perifa Sustentável e me joguei nessa poderosa missão.

Ao final da formação, ouvi frases como:

Quando eu chegar em casa, vou falar para a minha mãe sobre mudanças climáticas e racismo ambiental existe.

O córrego que passa na minha rua é um exemplo de racismo ambiental.

Eu não sabia que o racismo ambiental existe. Agora sei que ele está machucando o meu território.

Ahhhh, como é potente ver as sementinhas sendo plantadas! Ao final do projeto, vamos realizar ações de intervenção comunitária para que os alunos, juntamente com os docentes, coloquem a mão na massa e transformem todos os aprendizados que tiveram com a formação em atividades de impacto positivo na nossa quebrada!

Não está sendo uma tarefa fácil, repito. Mas isso é algo que faz o meu coração transbordar, meu peito se enche de prazer, propósito e alegria por apoiar a formação dos jovens da Brasilândia!

Larissa Larc é jornalista e autora dos livros "Tálamo" e "Vem Cá: Vamos Conversar Sobre a Saúde Sexual de Lésbicas e Bissexuais". Colaborou com reportagens para Yahoo, Nova Escola, Agência Mural de Jornalismo das Periferias e Ponte Jornalismo.

Os artigos publicados pelas colunistas são de responsabilidade exclusiva das autoras e não representam necessariamente as ideias ou opiniões do Nós, mulheres da periferia.