Pessoas brancas protagonizam a ampla maioria das campanhas publicitárias no Brasil. Um levantamento do Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (GEMAA) mostrou que 83% dos modelos em campanhas publicitárias são brancos, enquanto os modelos não brancos representam apenas 17% do total. 

Esses e outros dados estão presentes no Boletim Raça e Gênero na Publicidade, produzido a partir da análise de anúncios publicados na revista Veja entre os anos de 2018 e 2023. Ao todo, foram analisadas 60 edições selecionadas aleatoriamente da revista Veja, 817 anúncios e 752 modelos. 

As desigualdades de gênero e raça são notáveis: mulheres não brancas são apenas 10% dos modelos contra 44% de homens brancos. O estudo aponta ainda que as mulheres brancas têm uma presença maior na publicidade, de 39%. Os menos representados, com 7%, são os homens não brancos. “Isso denota uma mudança no perfil de raça e gênero, já que nos anos anteriores as mulheres não brancas eram as mais sub-representadas”, diz o texto.  

O boletim identificou aumento considerável na representação de modelos negros a partir de 2020; os pesquisadores relacionam esse dado ao impacto global do movimento contra o racismo, intensificado após o assassinato do norte-americano George Floyd.

“Em 2023, modelos não brancos alcançaram a representação de 35%, enquanto os modelos brancos ainda mantiveram a maioria com 65%. Notavelmente, a proporção de mulheres não brancas (27%) se aproximou e, em alguns casos, superou a de mulheres brancas (25%), indicando uma mudança gradual nos padrões de representação”, afirma Marcelle Felix, pesquisadora do GEMAA.