Luiz Gama e Luiza Mahín, sua mãe, em imagem reproduzida pelo Blog Flor da Cor

Você sabe quem foi Luiz Gama? Saiba nessa série de debates sobre comunicação

As transmissões serão realizadas nas páginas do Facebook da Cojira-SP, Alma Preta  e Jornalistas Livres e têm como objetivo contar a história e importância de Luiz Gama.

Por Redação

11|06|2020

Alterado em 11|06|2020

No mês de junho, a Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial de São Paulo (Cojira) realiza uma série de quatro transmissões online para abordar os diversos aspectos relacionados à atividade de Luiz Gama na imprensa do século 19 e celebrar os 190 anos de seu nascimento.
As lives serão às quintas, às 18h, e com exceção de uma, que será no dia 21 de junho, domingo, às 16h, data do nascimento de Luiz Gama. As transmissões serão realizadas pelo Facebook, nas páginas da Cojira-SP, Alma Preta  e Jornalistas Livres. Veja abaixo toda a programação.

A humanização da população negra na imprensa

A jornalista Cinthia Gomes, organizadora das palestras e também mestranda que pesquisa o abolicionista na Escola de Comunicação e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP), explica que contar quem foi Luiz Gama e sua importância nas mais diversas áreas é uma forma de reparar a história, já que a figura de Gama foi apagada da história da comunicação e do jornalismo, devido ao racismo estrutural da sociedade.
“A grande maioria das pessoas que fez faculdade de jornalismo não ouviu falar sobre ele no curso, tampouco sabia que ele foi um jornalista importante no seu tempo. Que foi fundador do primeiro jornal ilustrado de São Paulo, quando ainda era uma província. Foi proprietário de outros dois jornais, articulista e escreveu nos  mais importantes jornais de sua época, em São Paulo e no Rio de Janeiro”, conta.

“Luiz Gama foi pioneiro em promover uma representação positiva e subversiva do sujeito negro na imprensa”

A jornalista explica ainda que Gama cumpriu um importante papel na representatividade e humanização da população negra na imprensa, uma vez que, na época, o negro aparecia na imprensa apenas em anúncios de compra, venda e fuga de escravizados ou em editoriais que reproduziam as teorias do racismo científico, que rebaixava o povo negro.
“Ele foi pioneiro em promover uma representação positiva e subversiva do sujeito negro na imprensa. O negro não era considerado um ser humano e o Luiz Gama começa, por meio da imprensa, a tentar promover essa mudança no imaginário popular”, explica a jornalista, que analisa isso como uma estratégia de Gama complementar à luta que ele realizava como advogado pela abolição da escravidão.
“Foram mais de 500 pessoas escravizadas ilegalmente e a sua luta como abolicionista e líder político. Ele sabia que não era só a mudança do status legal que geraria essa humanização. Se as pessoas não pensassem diferente a respeito da da população negra, não vissem as pessoas negras como seres humanos, a mudança do status legal não seria plena e efetiva no sentido de restituir a humanidade ao sujeito negro”, diz.
Gama também foi ombudsman, monitorava o noticiário e, em sua época, foi um agente que demarcou as próprias regras do campo jornalístico, já que era o início da atividade de imprensa no Brasil. “Ele defendeu princípios como a liberdade de imprensa, publicizou casos protagonizados por juízes que causavam obstáculos para as causas de liberdade que ele defendia em favor de escravizados ilegalmente”, conta Cinthia.

História

Luiz Gonzaga Pinto da Gama nasceu em Salvador (BA), em  21 de junho de 1830 e faleceu  24 de agosto de 1882, quando já morava em São Paulo. Principal líder abolicionista negro, Luiz Gama foi advogado, jornalista e o fundador do Partido Republicano Paulista.
Inscreveu seu nome da História da Comunicação ao fundar o primeiro jornal ilustrado de São Paulo, o Diabo Coxo, em 1864, ao lado do caricaturista italiano Ângelo Agostini, e teve uma longa trajetória em outros veículos da época.
Como articulista, Gama contribuiu em questões fundamentais, como a representação da população negra na mídia e a defesa de princípios como a liberdade de imprensa.

Programação

Live 1: Luiz Gama, filho de Luiza Mahín
Data: 11/06, às 18h
Apresentação: Juliana Gonçalves (jornalista, mestranda em Estudos Culturais na USP, integrante da Cojira-SP e da Marcha das Mulheres Negras de São Paulo)
Convidada: Dulci Lima (doutoranda em Ciências Humanas e Sociais na UFABC, mestra em Educação, Arte e História da Cultura pelo Mackenzie. Bacharel em História pela USP. Pesquisadora do Centro de Pesquisa e Formação do SESC SP).
Live 2:  Luiz Gama: uma luz sobre o blecaute histórico
Data: 18/06, 18h
Apresentação: Beatriz Sanz (jornalista, bolsista na fundação Cosecha Roja (Argentina), co-criadora do Banco de Talentos Negros e integrante da Cojira-SP)
Convidado: Oswaldo Faustino (jornalista, escritor, ator e co-fundador da Cojira-SP. Autor dos livros “A Legião Negra” e “ A luz de Luiz”, entre outros)
Live 3: As lições de resistência do jornalista Luiz Gama
Data: 21/06,  às 16h
Apresentação: Cláudia Alexandre (jornalista, doutoranda em Ciência da Religião na PUC-SP, apresentadora do Programa Papo de Bamba e integrante da Cojira-SP)
Convidada: Lígia Ferreira (Profa. Dra. do Departamento de Letras na UNIFESP. Autora e organizadora dos livros “Primeiras Trovas Burlescas e outros poemas”, “Com a Palavra, Luiz Gama” e “Lições de Resistência: artigos de Luiz Gama na imprensa de São Paulo e do Rio de Janeiro”)
Live 4:  Luiz Gama: a voz negra na imprensa
Data: 25/06, 18h
Apresentação: Guilherme Soares Dias (jornalista, empreendedor, apresentador do Guia Negro Entrevista, integrante da Cojira-SP)
Convidada: Cinthia Gomes (jornalista, mestranda em Ciências da Comunicação na USP, integrante da Cojira-SP e da Marcha das Mulheres Negras de São Paulo)