Estéticas das Periferias inicia 8 edição com aplicativo exclusivo

A oitava edição, além de, conjuntamente, promover e vivenciar apresentações na periferia entre os dias 24 de agosto e 02 de setembro, chega com duas importantes novidades: o seu próprio aplicativo e a Ocupação Periferia no Centro.

Por Lívia Lima

27|08|2018

Alterado em 27|08|2018

O Encontro Estéticas das Periferias celebra, mais uma vez, a diversidade e potência cultural das periferias de São Paulo. A oitava edição, além de, conjuntamente, promover e vivenciar apresentações na periferia entre os dias 24 de agosto e 02 de setembro, chega com duas importantes novidades: o seu próprio aplicativo e a Ocupação Periferia no Centro.
Ao todo, são mais de 40 grupos culturais, que a partir das suas vivências, experiências e acúmulos tornam o Estéticas um dos eventos mais representativos do calendário cultural de São Paulo. Juliane Cintra, coordenadora da comunicação do Encontro, explica que o aplicativo cumprirá, inicialmente, o papel de permitir que o público navegue, de maneira personalizada, pelas mais de 100 atrações, divididas nos 20 territórios. Porém, diferente dos aplicativos de outros festivais, que encerram a sua funcionalidade no período do evento, a proposta é que o app seja utilizado para além deste período.
“O aplicativo vai permitir acessar toda a programação, oferecendo a praticidade e possibilidade de interação. Contudo, o objetivo principal é continuar oferecendo, durante todo o ano, a possibilidade do público, através uma curadoria exclusiva feita por agentes culturais dos territórios, acessar e se informar sobre as atrações e experiências culturais de cada um dos espaços que compõem o Estéticas”, explica.
A abertura do Encontro ocorreu neste domingo no Auditório do Ibirapuera. O momento foi marcado por duas apresentações: da Orquestra de Tambores de Aço, formada por jovens, que participam de projetos vinculados a Fundação da Companhia Siderúrgica Nacional, do município de Volta Redonda-RJ. E para consagrar a abertura o espetáculo “Negras Vozes em Travessia”, dirigido por Naloana Lima, reuniu as potentes vozes de Juçara Marçal, Dani Nega e Nega Duda e intervenção poética de Luz Ribeiro, Vic Sales e Mel Duarte.
Para Eleilson Leite, coordenador geral do Estéticas, a abertura sinaliza o comprometimento do evento com os seus 5 eixos curatoriais: cultura negra, direito à cidade, produção cultural das mulheres, direitos humanos e futebol como prática cultural. “Negra vozes são três cantoras negras, dirigidas pela Naloana, outra mulher negra. Resistência é a palavra de ordem, queremos ressaltar com isso a luta das ocupações culturais no centro e nas periferias e a luta das mulheres, especialmente das mulheres negras.”

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Espetáculo Negras Vozes em travessia na abertura do Encontro Estéticas das Periferias 2018

©Lívia Lima


ENCONTRO ESTÉTICAS DAS PERIFERIAS
Idealizado pela Ação Educativa, o Estéticas das Periferias chega à sua oitava edição, em 2018, na cidade de São Paulo. O evento mobiliza inúmeros espaços culturais em todas as áreas dos fundões da capital paulistana – de sul a norte. O experimentalismo artístico permeia toda a programação, que é construída colaborativamente por 31 coletivos culturais, a partir de 5 eixos curatoriais: cultura negra, direito à cidade, produção cultural das mulheres, direitos humanos e futebol como prática cultural. Os números somam, desde a primeira edição, em aproximadamente 550 apresentações artísticas, 160 debates, mais de 160 espaços culturais e um público estimado em mais de 83 mil pessoas.
PROGRAMAÇÃO
Nesta edição, o encontro distribui as suas mais de 100 apresentações em 20 territórios.  A ideia dos territórios, ressalta Eleilson, não é segmentar ou regionalizar o Estéticas, mas, partindo de uma valorização da identidade local, promover o intercâmbio das diversas e múltiplas atividades. Tal mescla acontece já no momento em que se começa a pensar o encontro, “quando grupos influenciados pela cultura indígenas, no extremo sul, encontram-se com os grupos de teatro negro, da zona leste”, observa.
O espaço Periferia no Centro chega com mais de 20 apresentações, ocupando a sede da Ação Educativa, o Sesc, o Instituto Moreira Salles, a Casa das Rosas e o Museu do Futebol. Entre as atrações, destaque para o Ciclo de Debates: “Expressões das culturas tradicionais nas periferias de São Paulo – Tradições indígenas”, a roda de conversa “Negra: A centralidade da arte contemporânea” e a exposição fotográfica “Signos, Retratos de Caroline Lima”.
O futebol que já conquistou espaço permanente no evento é representado pelo torneio de Futebol de Rua com a cobertura do Narra Várzea e “1º Festival Fut & Arte”, que celebra os dez anos do projeto Hip Hop Mulher na Zona Leste.
Pelas quebradas, o Caminhão Circula Brasil CSN irá rodar os territórios promovendo apresentações e interagindo com o público. O sábado, 1º de setembro, contará com a “Feira Afro Solidária”, às 12h, além de discussões sobre o “Estatuto da Juventude” e um LabHacker sobre criptografia para jovens.
O rapper “De Menos Crime” e o Odisséia da Flores, mais um tour pela Favela Galeria, despontam entre as atrações da Zona Leste. A Zona Sul terá espetáculo de teatro e uma boa roda de conversa em volta da fogueira no encontro “Caldos e Causos”, que acontece no Espaço Cultural CITA.