Ouvir, ler e assistir histórias de princesas e “felizes para sempre” foi algo comum na minha infância, assim como na de outras muitas mulheres. Associar a palavra princesa à imagem de uma mulher branca e de vestido era automático. Ao crescer, percebemos que não se trata de algo natural, mas racista. Por isso, ver uma sereia negra de dreadlocks na tela é tão significativo. O filme live action A Pequena Sereia estreia nos cinemas brasileiros no dia 25 de março.

O longa é um remake da animação de 1989 e conta a história da jovem sereia Ariel, filha caçula do Rei Tritão, que tem o desejo de conhecer o mundo terrestre e se apaixona pelo Príncipe Eric ao salvá-lo de um naufrágio. Para procurar pelo príncipe, Ariel firma um acordo com a bruxa do mar, Úrsula, que lhe dá pernas humanas em troca de sua voz.

O Nós, mulheres da periferia participou da pré-estreia do filme nesta terça-feira (23) em São Paulo. Entre os presentes, estava a dona da voz da Ariel no Brasil: a atriz, cantora e dubladora Laura Castro. “Me sinto honrada em representar uma princesa tão especial aqui no Brasil” afirma a também dubladora da série Rainha Charlotte.

Ao ser anunciado pela Disney, o filme A Pequena Sereia foi alvo de polêmica pela escolha de uma mulher negra para interpretar a sereia. Para Laura Castro, a presença de protagonistas e princesas negras nas telas faz com que crianças negras se identifiquem e sonhem com diferentes possibilidades.

Quando criança, a artista adorava assistir desenhos de princesa. As personagens eram sempre brancas e isso afetou sua autoestima. Aos cinco anos de idade “eu dormia e pedia para acordar branca, loira e com olhos azuis”, conta.

Estrelado por Halle Bailey, a diversidade racial do filme não se limita à protagonista. A rainha Selina é uma mulher negra retinta, interpretada pela atriz Noma Dumezweni. Há também as irmãs de Ariel, duas delas interpretadas pelas atrizes Sienna King e Simone Ashley.

Ariel e suas irmãs

©divulgação

Com a divulgação das primeiras imagens do filme, em outubro de 2022, ficaram em evidência publicações de vídeos de meninas negras reagindo a cenas de uma sereia negra. Em entrevista ao programa Fantástico, da Rede Globo, a atriz Halle Bailey afirmou: “Quando eu vi os vídeos com as reações das crianças, eu chorei. Eu fiquei muito emocionada porque eu me lembrei da garotinha que eu era e se eu visse uma sereia negra quando eu era jovem, isso teria mudado toda a minha perspectiva de vida”.