
A Melhor Mãe do Mundo: filme coloca catadora de recicláveis no centro da narrativa
Em entrevista ao Nós, mulheres da periferia, Shirley Cruz, protagonista do filme, conta como se deu a construção de sua personagem
Por Beatriz de Oliveira
06|08|2025
Alterado em 06|08|2025
Para interpretar com veracidade uma mãe catadora de materiais recicláveis, a atriz Shirley Cruz conviveu e se tornou amiga de mulheres que exercem esse ofício na vida real. Em entrevista ao Nós, mulheres da periferia, a protagonista do filme A Melhor Mãe do Mundo conta como se deu a construção de sua personagem.
Com data de estreia marcada para 7 de agosto, o longa-metragem é dirigido por Anna Muylaert e tem em seu elenco nomes como Seu Jorge e Luedji Luna. A obra mostra a trajetória de Gal, interpretada por Shirley Cruz, que é uma mãe catadora de materiais recicláveis e que foge da violência doméstica para proteger seus filhos, fazendo-os acreditar que nesta fuga estão vivendo, na verdade, uma grande aventura.

Filme A Melhor Mãe do Mundo coloca catadora de recicláveis no centro da narrativa
©divulgação
“Sob a perspectiva pessoal — como mulher, mulher preta e mãe —, é forte demais fazer essa personagem. Construir uma mãe genuinamente brasileira, apesar de tanta identificação com o filme nos festivais mundo afora. É a mãe que está à flor da pele em todos os sentidos — positivos e negativos. A leoa, a onça, a que carrega os filhos e o mundo nas costas. A que ama incondicionalmente”, afirma Shirley. A artista acrescenta ainda que essa foi a primeira mãe que ela fez após ter se tornado mãe, o que também foi decisivo para seu modo de atuação.
A construção da personagem Gal passou pela convivência com mulheres catadoras do Glicério, em São Paulo (SP). Shirley relata que aprendeu muito com elas e se sente honrada por poder representá-las através da arte.
“Eu pedi para Deus e aos meus Orixás que me colocassem a serviço de contar histórias importantes. Eu adoraria que a gente pudesse falar só de flores e amores. Eu adoro fazer comédia. Eu sou também da comédia. Mas como não pensar em jogar luz primeiro sobre mulheres maravilhosas?”, diz.
Ela destaca ainda que as catadoras são em sua maioria mulheres negras e periféricas. “Pra mim, carroça é uma imagem da mulher que carrega o mundo nas costas”, pontua.
Pra mim, carroça é uma imagem da mulher que carrega o mundo nas costas
Shirley Cruz
Paralela à produção do filme, foi criada a série de curtas documentais “A Melhor Mãe do Mundo (real)”, que retrata histórias reais de mulheres brasileiras que conciliam a maternidade com o trabalho de coleta e reciclagem de materiais. Em oito episódios, disponíveis no YouTube, a obra conta as histórias de Fabiana da Silva (in memoriam), Daniele da Silva, Cida Preta, Guiomar dos Santos, Laura da Cruz, Litz Gouvea, Maura Pereira e Alexandra da Silva.