“O câncer envelhece a gente”, conta dona de casa

Em 2013, Kelly Cristina foi diagnosticada com um câncer de mama e está concluindo tratamento.

Por Lívia Lima

19|11|2019

Alterado em 19|11|2019

 Este relato faz parte do especial “Envelhecer na periferia“. Clique aqui para ler o conteúdo completo.

A vida de Kelly Cristina Tolentino Silva, 51 anos, mudou totalmente após a descoberta de um câncer de mama, em 2013. Além de todo o tratamento pelo qual teve que passar, ela voltou a morar com o ex-marido, com quem tinha sido casada por 11 anos.

Foi o companheiro que a incentivou a largar o emprego como auxiliar administrativa para se dedicar à sua cura. Ela também se mudou de São Mateus para Guaianases, ambos na zona leste, para ficar na casa do marido. “Na primeira vez ele foi morar comigo, desta vez eu vim para a casa dele”, explica.

O tempo livre possibilitou que ela concluísse o tratamento. Segundo Kelly, os patrões não eram muito compreensíveis quando ela precisava faltar para ir às consultas médicas e realizar os procedimentos.

Agora que só precisa fazer acompanhamento esporádico, pretende voltar a trabalhar, mas se preocupa. “É difícil para mulher, ainda mais na minha idade e sem curso superior. Hoje se dá preferência para os mais jovens. O câncer te envelhece, mexe com a gente. Dá cansaço, mexe com a estética”, explica.

Kelly gostaria de ter uma aposentadoria com que pudesse contar. “Não tenho muita fé, estão tirando cada vez mais nossos direitos e a terceira idade está mais prolongada”.

Enquanto não garante um trabalho ou aposentadoria, Kelly Cristina procura realizar atividades com grupos de mulheres. Ela volta semanalmente para São Mateus para aulas de corte e costura, e, em Guaianases, se dedica às aulas de ginástica, dança e artesanato. “Ajuda bastante. É uma terapia”.

Image

Kelly Cristina, 51 anos, moradora de Guainases