{“bacghbaheb”:{“text”:[“Hist\u00f3rias de mulheres para se inspirar”,” \r\n \u201cSempre sinto meu cora\u00e7\u00e3o bater enquanto meus olhos se abrem. Enquanto minhas m\u00e3os se movem. Enquanto minha boca fala. Eu SOU. Voc\u00ea \u00c9. Pronto\u201d.\r\n\r\nOs versos acima, da poeta estadunidense Audre Lorde, mulher negra e l\u00e9sbica, trazem em poucas, mas potentes palavras, o que \u00e9 ser mulher e n\u00e3o […]
Redação: Bianca Pedrina, Jéssica Moreira, Lívia Lima, Mayara Penina, Regiany Silva e Semayat Oliveira
Esta reportagem faz parte do projeto #NoCentroDaPauta, uma realização dos coletivos Alma Preta, Casa no Meio do Mundo, Desenrola E Não Me Enrola, Imargem, Historiorama, Periferia em Movimento, TV Grajaú - SP, DiCampana Foto Coletivo e Nós, mulheres da periferia com patrocínio da Fundação Tide Setubal.
Atualizado em 13|02|2021
“Sempre sinto meu coração bater enquanto meus olhos se abrem. Enquanto minhas mãos se movem. Enquanto minha boca fala. Eu SOU. Você É. Pronto”.
Os versos acima, da poeta estadunidense Audre Lorde, mulher negra e lésbica, trazem em poucas, mas potentes palavras, o que é ser mulher e não se relacionar afetivamente com quem se espera socialmente.
As mulheres LGBT+ das periferias enfrentam diariamente diversos obstáculos para sobreviver em um país que ainda as nega o direito de amar outra mulher. É por meio de muita resistência, que a população LBGT+ persiste nas periferias.
Até maio de 2019, o Brasil já havia registrado 141 mortes de pessoas LGBT+, como aponta dados divulgados no relatório do Grupo Gay da Bahia (GGB), o que equivale a uma morte a cada 23 horas no país.
Em 2018, o GGB apontou que foram 420 mortes notificadas da população LGBT+. Esse número vem aumentando a cada ano, quando comparado com os registros de óbito de anos passados. Em 2001, foram registradas 130 mortes.
A pesquisa Viver em São Paulo – Diversidade de 2018, mostra que a capital paulista é uma cidade hostil à população LGBT+. Por mais que a população LGBT+ represente 5% dessa parcela, chama a atenção o fato de cinco em cada 10 entrevistados já terem vivenciado ou presenciado situações de preconceito. Os espaços públicos e transporte são considerados violentos e hostis contra esse segmento.
Isabela Oliveira tem 19 anos, mora na Brasilândia, zona norte da cidade de São Paulo e, para ela, durante algum tempo, ser lésbica era mais um motivo para descer na "pirâmide" de privilégios sociais. "Não sei, é um agravante de tudo que eu já estava fadada a sofrer".
A fala de Isabela se relaciona com o número expressivo de paulistanos que se posicionam contrários às manifestações de afeto – seja no âmbito familiar ou em locais públicos –, demonstrando que há barreiras no convívio da população paulistana com as questões LGBT+.
Mais da metade da população (54%) é a favor da criação de leis para inserção dos LGBT+s no mercado de trabalho, mas menos da metade disso (23%) é favorável a pessoas do mesmo sexo demonstrar afeto na frente dos seus familiares.
Embora tenha havido muitos avanços nos últimos anos, a discriminação contra as pessoas LGBT+ ainda é alarmante no Brasil.
O Dossiê do Lesbocídio no Brasil mostra um aumento expressivo da morte de mulheres em decorrência de sua orientação sexual: de 2014 a 2017 foram 126 assassinatos de lésbicas, uma elevação de 150% contabilizando todo o período.
O estudo mostra que 57% dos lesbocídios aconteceram com mulheres de até 24 anos e 83% dos assassinos são cometidos por homens.
Para além da violência fatal, essas mulheres sofrem também a não aceitação de suas escolhas principalmente na família.
Maria*, 20, não pode dizer seu nome nesta reportagem. A religiosidade dos pais a obriga a se esconder. "Por ser doutrinada em igreja evangélica desde quando nasci, era muito errado até mesmo pensar na possibilidade de eu ter outros gostos. O medo do “pecado”, por diversas vezes, falava mais alto do que o prazer".
Quando tinha essa idade, Luciene Costa, 29, passou por algo parecido. A mãe não a aceitava e ainda boicotava todos os seus relacionamentos.
"Foi difícil por ser filha única, não era isso que a minha mãe queria. Dos meus 18 até os 20 anos, eu nunca consegui trazer ninguém que eu me relacionasse para casa."
Crescer como LGBT+ na América é o nome de uma pesquisa da Human Rights Watch (organização internacional de Direitos Humanos) que mostra que um em cada quatro entrevistados LGBT+ não é aceito por suas famílias. Rejeição que pode aumentar a propensão dessas pessoas terem depressão, por exemplo.
E, como isso se dá nos territórios periféricos? Como é ser LGBT+ e morar nas bordas da cidade? O Nós, mulheres da periferia conversou com seis mulheres que contaram suas experiências de vida e circulação nestes territórios.
Conheça e se inspire com as histórias de Luana Marcos, Angélica Müller, Keyty Medeiros, Isabella Oliveira, Luciene Pereira e Bianca Silva. Elas falaram sobre visibilidade, amor, trabalho e direitos. Confira os depoimentos!
Redação: Bianca Pedrina, Jéssica Moreira, Lívia Lima, Mayara Penina, Regiany Silva e Semayat Oliveira
Esta reportagem faz parte do projeto #NoCentroDaPauta, uma realização dos coletivos Alma Preta, Casa no Meio do Mundo, Desenrola E Não Me Enrola, Imargem, Historiorama, Periferia em Movimento, TV Grajaú - SP, DiCampana Foto Coletivo e Nós, mulheres da periferia com patrocínio da Fundação Tide Setubal.
"Ser uma mulher preta, LGBT, na periferia é resistência todos os dias"
Luciene Pereira José da Costa, 29, Franco da Rocha, Técnica em Nutrição e Dietética