Em março, ‘Mulherada de Perus’ realiza ato para celebrar lutas das mulheres da periferia
Durante todo o mês de março o Coletivo Mulherada de Perus, um grupo de moradoras do bairro de mesmo nome (localizado na região noroeste da cidade de São Paulo), realiza o 1º Ato da Mulherada de Perus – pela resistência diária das mulheres na periferia”. A programação reúne mais de 15 atividades gratuitas de 7 […]
Por Jéssica Moreira
07|03|2017
Alterado em 07|03|2017
Durante todo o mês de março o Coletivo Mulherada de Perus, um grupo de moradoras do bairro de mesmo nome (localizado na região noroeste da cidade de São Paulo), realiza o 1º Ato da Mulherada de Perus – pela resistência diária das mulheres na periferia”. A programação reúne mais de 15 atividades gratuitas de 7 a 26 de março, em diferentes espaços do bairro.
Perus é reconhecido como um local de lutas. Na década de 70, as moradoras lideraram a campanha “O pó de cimento esmaga a vida”, onde lutavam pela troca de filtros da antiga Fábrica de Cimento de Perus, que despejava cimentos em suas roupas no varal. Esse movimento ficou conhecido como um dos primeiros atos ambientalistas do Brasil. As mulheres também foram essenciais na greve que perdurou sete anos no bairro, encabeçada por seus maridos sindicalistas chamados de “Queixadas”, já que estes últimos conseguiram permanecer em greve pois suas esposas contribuíam com a maior renda da casa, trabalhando como costureiras e diaristas, enquanto seus companheiros realizava trabalhos informais. Na década de 90, as mães e donas de casa foram estiveram a frente dos mutirões de moradia no Recanto dos Humildes, assim como na luta por creches e saúde no bairro. Atualmente, as mulheres mais jovens são responsáveis pela organização e gestão dos espaços culturais e artísticos.
Janice Alburquerque em cortejo na Ocupação Canhoba, em Perus | 2016/ Créditos: Gica Muller
O objetivo do Ato é evidenciar a importância da luta diária das mulheres que moram na periferia, o que passa pelos cuidados com a casa, o enfrentamento ao machismo e ao racismo e a resistência em triplas jornadas que se mesclam entre estudo, trabalho e criação dos filhos. O Ato chama atenção ainda aos desafios que as peruenses enfrentam para alcançar direitos básicos relacionados à moradia, mobilidade urbana e educação e o enfrentamento à violência contra a mulher na região.
No dia 25 de março, as mulheres do bairro irão se reunir em um grande cortejo. Com cartazes e batuques, as mulheres se concentrarão às 14h na Ocupação Hip Hop (na Rua Julio Maciel), com subida para a Praça Luís Neri (na Av. Dr. Silvio de Campos), parada no calçadão em frente à estação de trem da CPTM, passando pela passarela e parada final na Praça Inácia Dias, onde acontece o fechamento com o Jongo do Coreto.
Violência contra a mulher em Perus
Segundo os dados do Observatório Cidadão da Rede Nossa SP, o bairro concentra os piores índices da sobre agressão a mulheres. Em 2015, de 50.576 (somando-se os distritos de Perus e Anhanguera), 47 mulheres foram agredidas. Segundo um estudo realizado pela Secretaria de Estado da Segurança Pública de São Paulo, em 2016, Perus era o 6º bairro da cidade de São Paulo com o maior número de estupros da capital paulista.(Só no mês de junho daquele ano, 11 mulheres foram estupradas), de acordo com as denúncias realizadas na 46ª DP).
Confira a programação completa
7, 8, 21 e 22 de março (quartas e quintas-feiras)
Das 9h às 18h – FEIRA de artesanato do coletivo Mulheres Criativas, do Centro de Cidadania da Mulher (CCM) de Perus
Calçadão da estação de trem da CPTM (saída sentido Av. Dr. Silvio de Campos)
9 e 23 de março ( quintas-feiras)
Das 9h às 18h – FEIRA de artesanato Arteferia – Coletivo de Mulheres Artesãs
Calçadão da estação de trem da CPTM (saída sentido Av. Dr. Silvio de Campos)
10 de março (sexta -feira)
Das 9h às 12h – ATIVIDADES da Rede de Saúde de Perus: vivência em dança circular, roda de conversa sobre os direitos das mulheres, aula de zumba, peça de teatro sobre violência contra a mulher, roda de conversa sobre câncer de mama e de útero, capoterapia com Mestre Geraldinho.
Praça Inácia Dias, em frente à estação de trem da CPTM – Linha 7-Rubi
10 e 17 de Março (sextas-feiras)
Das 18h às 20h – OFICINA de danças brasileiras, com a arte-educadora Eliana Lorieri
CEU PERUS – UniCEU (Rua Bernardo José de Lorena/ s/n), próximo à Praça Inácia Dias
11 de Março (sábado)
Das 10h às 12h – PALESTRA sobre auto-ajuda com uso da hipnose clinica coletiva, com a psicóloga Vera Lúcia Salles
CEU PERUS – UniCEU (Rua Bernardo José de Lorena/ s/n), próximo à Praça Inácia Dias
16 de Março (quinta-feira)
Das 16h30 às 20h – OFICINA de customização de camisetas, com a arquiteta e design em modelagem Maria Goretti Silva (levar peças de roupas para customizar, tesoura e linha)
CEU PERUS – UniCEU (Rua Bernardo José de Lorena/ s/n), próximo à Praça Inácia Dias
18 de março (sábado)
Das 14h às 18h – OFICINAS de stencil, lambe-lambe e tambores/ Coletivo Olhares Urbanos + Mulherada de Perus
Ocupação Casa Hip Hop Perus , na entrada do Recanto dos Humildes (pegar rua do táxi na saída da estação de trem da CPTM, sentido Av. Dr. Silvio de Campos).
18 de Março (sábado)
a partir das 14h – WORKSHOP de numerologia tântrica, com a yogueChanandevKaur
CEU PERUS – UniCEU (Rua Bernardo José de Lorena/ s/n), próximo à Praça Inácia Dias
18 e 19/3 de março (sábado)
Às 19h – 1ª MOSTRA de Cinema Nacional em Perus: Olhares Femininos
18/3 – Filmes Como se Fosse da Família (2013, Direção: Alice Riff) e Elena (2013, Direção: Petra Costa)
19/3 – Filmes Cores e Botas (2010, Direção: Juliana Vicente) e Lute como uma menina (2016, Direção: Beatriz Alonso)
Ocupação Artística Canhoba, Rua Canhoba, s/n – ao lado do nº 333 na Praça Canhoba, próx. à caixa D’ água, Perus. (Linhas de ônibus: 8055/10, 8014/10, 888P/10 ou 8055/51)
21 de Março (terça-feira)
Das 13h30 às 16h30 – RODA DE CONVERSA sobre aleitamento materno e puerpério, com a doula e psicóloga Rafaela Xavier Dias
CEU PERUS – UniCEU (Rua Bernardo José de Lorena/ s/n), próximo à Praça Inácia Dias
22 de Março (quarta-feira)
Das 14h às 17h – RODA DE CONVERSA sobre parto humanizado, com a doula formada em ciências biológicas Raquel Xavier Dias
CEU PERUS – UniCEU (Rua Bernardo José de Lorena/ s/n), próximo à Praça Inácia Dias
23 de Março (quinta-feira)
Às 19h – RODA DE CONVERSA sobre mães e os desafios de ter filhos deficientes, com a pedagoga e arte educadora Maria Aparecida Pereira de Castro Augusto
CEU PERUS – UniCEU (Rua Bernardo José de Lorena/ s/n), próximo à Praça Inácia Dias
24 de março (sexta-feira)
Das 19h às 22h – ESTREIA do Documentário Nós, Carolinas, do Coletivo Nós, mulheres da periferia, acompanhado de roda de conversa e Sarau D’Quilo
Biblioteca Padre José de Anchieta, Rua Antônio Maia, 651, próximo à Av. Dr. Silvio de Campos
25 de março (sábado)
das 14h às 20h – GRANDE ATO com caminhada acompanhada pela bateria do Coletivo Juntas, pela luta e resistência diária das mulheres da periferia. Com saída às 14h da Casa Hip Hop Perus, subida pela Rua R. Ylídio Figueiredo (rua da subprefeitura), parada na Praça Luís Neri, passagem pela Av. Dr Silvio de Campos, parada no calçadão da estação de trem da CPTM, subida na passarela e parada final na Praça Inácia Dias com o Jongo do Coreto.
26 de março (domingo)
Às 17h – PEÇA de teatro “CARNE – patriarcado e capitalismo”, da Cia Kiwi de Teatro, seguido de debate com o Coletivo Mulherada de Perus.
Ocupação Artística Canhoba, Rua Canhoba, s/n – ao lado do nº 333 na Praça Canhoba, próx. à caixa D’ água, Perus. (Linhas de ônibus: 8055/10, 8014/10, 888P/10 ou 8055/51)
29 de Março (quarta-feira)
Das 9h às 12h – RODA DE CONVERSA sobre estética negra e oficina de turbantes, com a arte educadora Guiniver Santos
CEU PERUS – UniCEU (Rua Bernardo José de Lorena/ s/n), próximo à Praça Inácia Dias
Sobre o Coletivo Mulherada de Perus
Criado em 2016, reunindo mulheres de variadas idades, etnias e classes com um endereço comum, o bairro de Perus, o coletivo tem como objetivo lutar pelos direitos das meninas e mulheres do bairro, assim como fortalecer o protagonismo feminino nos mais diversos espaços do bairro.
Estão na organização do 1º ATO Mulherada de Perus:
Grupo Pandora de Teatro, Arteferia Perus, Ocupação Artística Canhoba, Ocupação Casa Hip Hop Perus, Comunidade Cultural Quilombaque/ Sarau D’Quilo, Biblioteca Padre José de Anchieta, CRAS-Perus, Centro de Cidadania da Mulher (CCM- Perus), CEU Perus/UniCEU, Coletivo Olhares Urbanos, Cia KIwi de Teatro, Coletivo Nós, mulheres da periferia, e trabalhadoras da Rede de Saúde de Perus.