
Parte da placenta poderá ser usada como curativo de queimaduras no SUS
A membrana amniótica, camada fina que envolve o feto durante a gravidez, é benéfica no tratamento de queimaduras
Por Beatriz de Oliveira
06|06|2025
Alterado em 06|06|2025
Uma parte da placenta, a membrana amniótica, foi aprovada para uso em tratamento de queimaduras pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A decisão foi tomada no dia 9 de maio, por meio de parecer favorável da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec). O Ministério da Saúde ainda vai definir as regras para o uso do curativo e doação do material.
A membrana amniótica é uma camada fina que envolve o feto durante a gravidez, sendo responsável por protegê-lo contra impactos. No caso de queimaduras, o material pode ser usado como curativo biológico e, como é flexível, pode ser colocado em qualquer área do corpo. Além disso, pode durar até 14 dias, acelera o processo de cicatrização, é capaz de reduzir a dor do paciente durante o tratamento e evita infecções.
Em relatório de dezembro de 2024, o Conitec explica que “desde o início do século XX, a membrana amniótica é usada no tratamento de queimaduras e feridas e até mesmo em cirurgias oculares e nos órgãos urinários e reprodutores”. Pontua-se ainda que o material é rico em colágeno, proteínas e fatores de crescimento.
O uso da membrana amniótica, que poderá ser coletada após o parto com a autorização da mãe, deve diminuir a demanda por pele em bancos de tecidos. Em todo o país existem apenas quatro bancos de pele, segundo dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de 2023 – há ainda 46 bancos de tecidos oculares, sete bancos de tecidos musculoesqueléticos e um banco de tecido cardiovascular.
Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, o ministro da Saúde Alexandre Padilha afirmou que a medida deve beneficiar 16 mil pessoas por ano. “A partir da incorporação definitiva, o Ministério da Saúde agora fará um protocolo dos hospitais que podem utilizar essa técnica, que trabalham com a situação de queimaduras graves. Com isso, é possível transformar o serviço numa ação nacional, com sustentabilidade, com formação profissional, com muito mais consistência nacionalmente do que o que acontecia antes”, disse.
Em 2013, o curativo biológico foi usado em vítimas da tragédia da Boate Kiss, incêndio causado em uma boate na cidade de Santa Maria, Rio Grande do Sul, que matou 242 pessoas e feriu outras 636. Na época, a Santa Casa de Porto Alegre recebeu doações de membranas amnióticas de diversos países.