Foto mostra Marielle Franco séria

7 anos sem Marielle Franco: relembre os últimos andamentos do caso

Mesmo após a condenação dos mandantes do crime, a busca pela verdade completa e justiça plena continua

Por Amanda Stabile

11|03|2025

Alterado em 11|03|2025

Sete anos após o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, a busca por respostas sobre os responsáveis continua, com novos recursos e diligências em andamento.

Em 24 de março de 2024, descobrimos os nomes dos mandantes do crime: o deputado federal Chiquinho Brazão (União Brasil/RJ), seu irmão Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ); além de Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, apontado como envolvido no planejamento do crime e na obstrução da investigação.

É essencial relembrar que eles tinham a certeza da impunidade. Em sua delação premiada, Ronnie Lessa, assassino preso desde 2019, disse que encontrou com os mandantes após o crime e ouviu deles que “não ia dar em nada”. Além disso, de acordo com a Polícia Federal (PF), o crime foi motivado pela atuação de Marielle em defesa da regularização fundiária de áreas dominadas por milícias no Rio de Janeiro (RJ).

A vereadora votou contra o Projeto de Lei Complementar 174/2016, de autoria do então vereador Chiquinho Brazão, que pretendia regularizar lotes de terra nas regiões de Vargem Grande, Vargem Pequena, Itanhangá e Jacarepaguá, na zona oeste do Rio, para favorecer a especulação imobiliária e a grilagem de terras. Marielle era contra o Projeto por entender que não atendia “áreas carentes”, mas loteamentos e condomínios de classe média e alta em áreas controladas por milícias.

A busca por justiça por Marielle e Anderson é um lembrete constante da importância de lutar contra a impunidade e a corrupção. Acompanhar os desdobramentos do caso é essencial para garantir que a justiça seja feita e que crimes como esse nunca mais se repitam. Por isso, fizemos uma linha do tempo com as últimas atualizações do caso desde 2024. Confira:

Em 2025

Dezembro

O Ministério Público (MP) apresentou recursos de apelação para aumentar as penas de Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz. No recurso, o Gaeco requer pena máxima para os dois homicídios e um atentado: 30 anos para Anderson, 30 para Marielle, 20 para Fernanda Chaves, que também estava no carro, somando 80 anos e mais dois anos pela receptação do carro Cobalt utilizado no dia do crime.

Em 2024

Novembro

As defesas dos réus pediram novas diligências (mais investigações). Entre as solicitações, estava uma análise psiquiátrica de Ronnie Lessa e a obtenção de gravações de conversas anteriores aos acordos de delação premiada. A defesa de Rivaldo Barbosa solicitou um exame clínico forense de Lessa para apurar características como manipulação e ausência de remorso. Os pedidos ainda esperam decisão. 

Outubro

No dia 29, foram concluídas as audiências do caso, com depoimento de 50 testemunhas e o interrogatório dos réus.

No dia 31, Ronnie Lessa e Élcio Queiroz foram condenados pelo assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes. Lessa recebeu uma sentença de 78 anos e 9 meses de prisão, e Élcio foi condenado a 59 anos e 8 meses. Ambos fizeram delação premiada e, portanto, não deverão cumprir toda a pena. Além das penas de prisão, eles foram condenados a pagar uma indenização por danos morais e pensão ao filho de Anderson. Edilson Barbosa dos Santos, conhecido como Orelha, também foi condenado a cinco anos de prisão por ser responsável pela destruição do veículo usado no assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes.

Agosto

1

A Justiça do Rio de Janeiro decidiu enviar para júri popular o julgamento do ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, acusado de participar do planejamento da morte de Marielle Franco. A decisão foi baseada na delação premiada do ex-policial militar Élcio Queiroz, que confessou ter dirigido o carro usado no crime. Élcio afirmou que Maxwell foi responsável por conseguir um veículo clonado para a ação e por descartar o carro após o homicídio.

Junho

No dia 18, a Primeira Turma do STF decidiu por unanimidade tornar réus os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão, além do delegado Rivaldo Barbosa, o ex-policial Ronald Paulo de Alves e o ex-assessor Robson Calixto Fonseca, conhecido como “Peixe”, sob acusação de serem os mandantes e auxiliares no assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes. A decisão se baseou principalmente na delação premiada de Ronnie Lessa.

Março

No dia 12 de março, a Força-tarefa Marielle Franco e Anderson Gomes do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) apresentou as alegações finais na ação penal movida contra Maxwell Simões Corrêa. O MPRJ pediu que o suspeito seja levado a júri popular.

Já no dia 13 de março, o processo que apura os mandantes do assassinato foi enviado ao STF, por provas fazerem menção à parlamentar federal com foro privilegiado. Casos que envolvem senadores e deputados federais devem ser julgados pelo STF.

Na noite de 19 de março, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, anunciou que a delação premiada de Ronnie Lessa foi homologada pelo STF. A delação foi aceita após Alexandre de Moraes, que conduz o caso no Supremo, avaliar sua legalidade e confirmar que foi assinada de maneira voluntária.

Em 24 de março, a Polícia Federal prendeu preventivamente Domingos e Chiquinho Brazão e o delegado Rivaldo Barbosa.

Fevereiro

O então ministro da Justiça Flávio Dino determinou a abertura de um inquérito da Polícia Federal para ampliar as investigações acerca da organização criminosa que assassinou a vereadora. Até então, o caso estava sob responsabilidade do Ministério Público do Rio de Janeiro.

Confira os andamentos anteriores do caso aqui.