Foto mostra as donas Neuma e Zika vestida com trajes da Mangueira e segurando bandeira

Acervo Virtual de História da Mangueira preserva o legado do samba carioca

Plataforma reúne documentos, fantasias, troféus e depoimentos e convida o público a compartilhar suas memórias com a escola de samba

Por Amanda Stabile

27|02|2025

Alterado em 27|02|2025

A Estação Primeira de Mangueira, um dos ícones do carnaval carioca, agora tem sua história e tradições preservadas em um acervo digital. Lançado em fevereiro de 2025, o Acervo Virtual de História da Mangueira reúne documentos históricos, fantasias, instrumentos musicais, troféus e depoimentos que retratam quase um século de resistência e criatividade da agremiação.

O acervo busca não apenas manter viva a memória da escola, mas também ampliar o acesso à história do samba e suas raízes afro-brasileiras. Entre as coleções disponíveis, destacam-se Personalidades, Enredos e Desfiles, Ensaios, Sambas e Depoimentos, oferecendo um panorama abrangente da trajetória da Mangueira.

Mulheres na Mangueira: resistência e protagonismo

Um dos destaques é a coleção “Ancestralidade Matriarcal”, que evidencia o papel fundamental das mulheres na história da escola. A curadoria “Axé, Mangueira” também destaca como benzedeiras, rezadeiras e matriarcas desempenharam um papel crucial na manutenção da identidade cultural e espiritual da escola e da comunidade. Figuras como Dona Neuma, Dona Zica, a porta-bandeira Mocinha, Neide, Bisteka, Tia Suluca, Alcione, Leci Brandão, Evelyn Bastos, Tia Fé, entre tantas outras, são lembradas por sua influência e dedicação.

Outra iniciativa importante destacada no museu online é a exposição virtual “Mulheres na Bateria: a revolução do ritmo”. Tradicionalmente composta por homens, a bateria da Mangueira passou por uma transformação significativa em 2006, quando um concurso permitiu a entrada das primeiras percussionistas. Hoje, 35 mulheres fazem parte da ala de ritmistas, consolidando sua presença na agremiação.

Além disso, o projeto “Estação Primeira de Mangueira: ancestralidade, memória e o poder feminino em sua história” visa documentar a Mangueira por meio da oralidade e da pesquisa histórica, com foco na narrativa feminina e ancestral. Coordenado por uma equipe de pesquisadoras, o projeto promove oficinas de formação acadêmica e técnica, visitas a instituições culturais e entrevistas, proporcionando uma imersão em temáticas como memória, identidade e cultura popular.
O Acervo Virtual de História da Mangueira está disponível para consulta pública, permitindo que estudiosos, sambistas e admiradores explorem o rico legado da escola. Além disso, a plataforma incentiva a participação do público, que pode enviar relatos e documentos para contribuir com a preservação dessa memória. Envie sua história!