Guia dá dicas de cobertura sobre infâncias negras para jornalistas
O guia “Novas perspectivas sobre infâncias negras: um guia para qualificar a cobertura jornalística" é resultado de uma parceria entre Nós, mulheres da periferia e Alma Preta, apoiado pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal
Por Beatriz de Oliveira
28|08|2024
Alterado em 28|08|2024
Lançado nesta terça, 27 de agosto, a publicação “Novas perspectivas sobre infâncias negras: um guia para qualificar a cobertura jornalística” pretende auxiliar jornalistas e comunicadores na cobertura das infâncias negras brasileiras e suas diversidades. O documento é resultado de uma parceria entre Nós, mulheres da periferia e Alma Preta, apoiado pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal.
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“Não existe uma única maneira de representar a diversidade das infâncias negras brasileiras. Cada criança é única, com suas próprias histórias, sonhos, potencialidades e desafios sociais. É importante que os meios de comunicação reflitam essa multiplicidade, evitando generalizações e estereótipos “, explica-se no guia.
Entre os assuntos abordados no documento estão: primeira infância, desafios enfrentados por crianças negras e indígenas, e questões específicas que afetam as maternidades negras. São cinco capítulos ao todo:
O que é a primeira infância e sua importância
Crianças e indígenas: as mais vulnerabilizadas
Percepção e imaginário sobre as crianças negras
Crianças negras na educação infantil
Cuidados com as mães negras
Cada capítulo conta com dicas práticas para jornalistas e comunicadores. Em relação à cobertura de maternidades negras, por exemplo, algumas dicas são: desconstruir o mito da “mãe forte”, respeitar a privacidade e a dignidade das mães negras, ouvi-las sobre suas experiências e trazer um panorama amplo que contemple as maternidades negras no país.
“Ao adotar as práticas recomendadas aqui, esperamos que cada comunicador contribua para a criação de um espaço midiático mais reflexivo, sensível e verdadeiramente representativo”, afirma-se na publicação.
O guia surgiu a partir do programa “O papel do jornalismo periférico e antirracista na proteção das crianças negras”. Lançado em 2023, em parceria com a Marco Zero Conteúdo, a formação online e gratuita capacitou profissionais e estudantes de jornalismo da região Nordeste do país. A iniciativa teve como foco aprofundar e qualificar a cobertura jornalística antirracista e ampliar conhecimentos sobre as histórias e os desafios que permeiam o cotidiano de mães, bem como a importância de garantir os direitos das crianças negras, especialmente aquelas na primeira infância, fase que vai até os seis anos.
Para construir a publicação, os comunicadores contaram com entrevistas de especialistas na área: Juliana Prates, doutora em Estudos da Criança, mestre em Psicologia do Desenvolvimento e especialista em Processos de Mudança na Formação e em Intervenção Psicossocial com Crianças e Jovens; Daniel Munduruku, professor, escritor e ativista indígena, que também discorre sobre as questões socioeconômicas, educacionais e de saúde que impactam esses povos; Renato Nogueira, filósofo, escritor e palestrante; Ione da Silva Jovino, doutora em Educação; Mighian Danae, doutora em Educação, professora universitária e pesquisadora sobre educação afrocentrada; e Luara Baia, mestre em Ciências Sociais e autora do livro “Maternidade tem cor? Narrativas de mulheres negras sobre maternidade”, publicado em 2021 pela Editora Appris.