Uma banca de feira, em que uma mulher preta de pele clara com cabelos curtos e platinados exibe seus produtos artesanais para outra mulher preta de pele clara, vestida com camisa branca e shorts

Para empreendedoras, Festival Feira Preta é “parceria para vida toda”

Durante três dias de evento, cerca de 60 mil pessoas puderam comprar de mais de 150 empreendedores negros

Por Karoline Miranda

13|05|2024

Alterado em 13|05|2024

O Festival Feira Preta é muito mais do que um simples espaço para expositores venderem seus produtos: é uma oportunidade de reunir ancestralidade, propósito e prosperidade. Em 2024, o tema foi “Felicidade é a nossa revolução” e durante os dias 3 a 5 de maio, diversos empreendedores tiveram a chance de ampliar suas marcas e produtos para um público ávido por representatividade negra.

A marca Preta Pretinha Ubuntu, que produz itens de casa, mesa e banho para crianças negras, surgiu da necessidade de Márcia de Jesus em responder à pergunta de sua filha: “Por que não existem produtos que se parecem comigo?”. Por isso, ela decidiu mudar não apenas a sua realidade e a de sua filha, mas também a de outros pretinhos e pretinhas. “Daí surgiram toalhas de banho, jogos de cama, todos com desenhos onde as crianças negras podem se enxergar, ter autoestima e aceitação”, conta Márcia.

Há quatro anos no mercado e participando pela segunda vez como expositora na Feira, ela revela que estar lá amplia suas possibilidades de formas que nem imaginava, como colaborar na composição de uma música com o rapper Djonga. A música, intitulada “Ostentação”, contém uma frase que faz referência à marca: “Visto Preta Pretinha e me sinto forte”.

Contente com as vivências proporcionadas pela Feira, a empresária expõe que tem uma relação de gratidão. “Aqui é onde nos encontramos, nos sentimos mais fortes, mais potentes. Conversamos, nos abraçamos”, partilha Marcia.  

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O pavilhão onde os expositores colocavam seus produtos à venda tornou-se um espaço pequeno diante dos variados produtos. Próximos um do outro, o abraço dado pela Preta Pretinha alcança a marca Fulêlê Infância, que produz jogos lúdicos que permitem às crianças entrar em contato com a cultura africana: quebra-cabeças, jogos da memória, dados e mapas dos países africanos são representados nas brincadeiras.

Já no estande, os visitantes puderam se envolver nas atividades e jogos. “As crianças que estão passando por aqui já estão tendo a oportunidade de jogar, brincar, conhecer e perceber a importância. Estamos em contato com as culturas africanas desde muito pequeninos, pois esse é o objetivo da Fulêlê: colocar as crianças em contato com a cultura africana de maneira lúdica”, conta a fundadora e CEO da marca, Deniziares.

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© Eversen Photograph

A empreendedora também destaca a importância do festival para ela. Antes como frequentadora e agora como expositora, ela diz: “É um festival que tenho muito carinho como público, e agora estou tendo a oportunidade de mostrar um pouco do meu trabalho como afroempreendedora. Ter minha marca aqui na Feira Preta é uma possibilidade para que mais pessoas a conheçam fora do círculo que já está acostumado, que me seguem nas redes sociais”, revela.

Depois de caminhar alguns metros e descer a rampa do espaço onde estavam os estandes, podia-se chegar à área de estética, onde duas empreendedoras se dedicavam a promover a autoestima do povo negro como uma necessidade básica.

Zarah Flor, especialista em pele negra há 21 anos, compartilha que sua relação com a Feira Preta está se tornando uma tradição familiar. Em 2004, foi apresentada à feira pela mãe, e após 20 anos, conseguiu levar sua própria filha.

Hoje, embora não esteja mais com sua mãe, Zarah fala o quão emocionante foi trazer sua filha para a Feira Preta. “Estar aqui no meu estande, mostrando minha marca e transformando a vida de várias pessoas, é maravilhoso. Essa feira impacta não só a minha vida e a dos empreendedores, mas também vai transformar o futuro de crianças, como minha filha”, concluiu.

Atravessando o mesmo pavilhão da área de estética, chega-se à Zene Afro Estilo, uma marca que tem como objetivo fortalecer a autoestima por meio da tecnologia da trança. A fundadora, Jully Souza, relata que foi através do Afrolab, um projeto da PretaHub que capacita mulheres de periferia para o empreendedorismo, que ela começou a impulsionar sua marca e alcançar a Feira Preta.

Em sua segunda edição, Jully afirma: “A feira é uma divisão de águas para pessoas que estão empreendendo, porque aqui você encontra seu público, entende sua demanda, é tudo centralizado e distribuído para o nosso povo”.

Questionadas sobre o significado da união de suas marcas com a feira, as empreendedoras respondem: “Zene Afro + Feira Preta representa tecnologia ancestral e atualidade”, diz Jully. Preta Pretinha declara que é potência, enquanto a Fulelê finaliza: “Parceria para vida toda”.

Redação: Ester Caetano

Conteúdo patrocinado por Feira Preta