fotos de três mulheres

‘Libertador’: mulheres contam suas experiências vivendo o celibato 

Solteiras optam por celibato para focar no autoconhecimento e têm compartilhado suas experiências nas redes sociais

Por Beatriz de Oliveira

26|03|2024

Alterado em 26|03|2024

Mulheres, principalmente heterossexuais, têm compartilhado nas redes sociais suas experiências de celibato. O objetivo é dedicar seu tempo à si mesma, deixando de ter relacionamentos, dates ou flertes. Os relatos destacam benefícios como autoconhecimento, desenvolvimento de novos hobbies e uma sensação de paz interior. Geralmente, a opção pelo celibato surge após experiências frustrantes em relacionamentos com homens.

Esse constante descontentamento vivido por mulheres que se relacionam com homens com padrões de comportamento tóxicos é chamado de heteropessimismo, termo cunhado em 2019 pelo escritor queer Asa Seresin. Já o celibato também vem sendo chamado de “boysober” (mistura das palavras garoto e sobriedade), o nome foi difundido inicialmente em 2023 pela norte-americana Hope Woodard, que compartilhou sua experiência de tempo sabático de homens em suas redes sociais.

Para abordar esse tema, Nós, mulheres da periferia, publicamos em nossas redes sociais uma pergunta às seguidoras solteiras: “vocês têm praticado celibato?”. Recebemos vários relatos e conversamos com três mulheres para saber mais sobre suas experiências. Confira!

Ane Caroline Santana: viver o celibato ‘foi libertador’

foto em preto e branco de mulher com turbante

Ane Caroline decidiu viver um período de celibato para focar em si mesma

©arquivo pessoal

De Salvador (BA), a empreendedora Ane Caroline, 36 anos, foi criada em uma família “disfuncional” e viveu relacionamentos amorosos “tóxicos” durante a vida, como ela mesma define. Após um namoro de 10 anos, que incluiu agressões físicas, decidiu viver um período de celibato para focar em si mesma e rever seus conceitos sobre relacionamentos.

Apesar de ter sido confuso num primeiro momento, por sentir falta de relações com homens, ela revela que a experiência foi libertadora e que praticou o autoconhecimento. “Se tornou confortável ficar sozinha”, conta.

Depois de três anos de celibato, conheceu o seu atual companheiro e decidiu viver esse novo relacionamento. Conta que não se parece em nada com suas experiências anteriores e que o período de celibato foi essencial para viver esse amor de forma respeitosa. “Eu me comporto diferente e convido ele a se comportar diferente”, diz.

Tizaila Becker: dores e delícias de escolher não se relacionar  

mulher branca com camisa azul

Tizaila Becker vive o celibato há dois meses

©arquivo pessoal

De Novo Hamburgo (RS), Tizaila Becker, 26 anos, decidiu dedicar um tempo para si mesma após perceber que “estava medindo a minha autoestima pela aprovação e validação de outras pessoas que eu queria me relacionar”. O fato de ter vivido experiências amorosas frustrantes com homens também pesou na decisão.

A gaúcha vive o celibato há dois meses e conta que “está sendo muito legal passar meu tempo sozinha, fazendo coisas que aumentam a minha admiração por mim mesma”. Começou a fazer crochê, está lendo mais, e assistindo filmes e séries que não via antes.

Apesar disso, há momentos em que se sente rejeitada por não estar recebendo cantadas ou sendo cortejada. Quando isso acontece, busca se lembrar que foi escolha sua viver esse momento de celibato e que tem sido bom.

Está disposta a quebrar o celibato apenas se encontrar alguém que atenda às suas expectativas, e que cuide bem de si mesmo, como ela tem buscado fazer.

Thamires Barbosa: viveu o celibato para focar em si, na carreira e na filha 

mulher negra séria

Thamires Barbosa viveu três anos de celibato

©arquivo pessoal

Após finalizar um casamento de quase dez anos, a tatuadora Thamires Barbosa, 34 anos, decidiu que seu tempo seria dividido entre focar na sua carreira e cuidar de sua filha. O fim do relacionamento havia sido desgastante e ela não queria viver novos desgastes amorosos.

Por ser uma pessoa introspectiva, a carioca diz que foi fácil se acostumar ao celibato. Sua rotina já sugava todas as suas energias, não tinha pretensão de me abrir para alguém, emocional e sexualmente”, diz. Os momentos de carência existiam, mas poder se conhecer melhor foi importante.

Em janeiro deste ano, depois de três anos de celibato, decidiu se abrir para novos relacionamentos. Sentiu que esse era o momento após um período de terapia e por estar estabilizada no trabalho. Tem ido a encontros casuais e aproveitado os sentimentos que essas experiências proporcionam.