Hoje completamos 10 anos de existência. Uma trajetória construída por seis mulheres que nem imaginariam o quanto contar histórias, multiplicar vozes, criar memórias, nos faria chegar até aqui, neste marco tão importante.

Não imaginávamos, porque, do lugar de onde viemos, as periferias, as oportunidades são escassas. Não imaginávamos, porque ser mulher, mãe, pobre, preta nos coloca mais distantes de assumirmos papéis considerados de protagonismo.

Eu poderia romantizar esta narrativa para dizer que vencemos chegando até aqui. No entanto, os desafios de quem ousou enfrentar as barreiras do “este lugar não é para você” são cotidianos. Porque todos os dias, a cada obstáculo enfrentado, parece que voltamos dois passos para trás da linha de chegada.

Fazendo uma analogia, é como se estivéssemos em uma corrida contra o tempo. Estamos correndo descalças, enquanto muitos outros calçam os sapatos dos privilegiados. Nestes 10 anos de existência, nossa largada foi dada em grupo, que foi aumentando durante o percurso. Atualmente, mais de 13 mulheres integram nossa equipe ampliando nossa vontade de continuar.

Apesar dos obstáculos e dos pés machucados, seguimos, ultrapassando cada um deles nestes 10 anos. O gás nesta corrida desleal vem de uma torcida que entende que não estamos sozinhas, corremos por um propósito, uma missão: contar histórias de mulheres como Nós, que sonham e não desistem, mesmo sem ferramentas, porque não há opção.

A motivação para não desistir vem de uma torcida representada por cada parceiro, financiador, que acreditou e segue acreditando em Nós. Pela nossa audiência que se vê representada em cada publicação e alimenta nossa vontade de prosseguir. É por isso que chegamos a este marco tão importante, graças a vocês.

Nesta corrida por igualdade de direitos, a linha de chegada ainda está distante, mas seguimos. Quando nos sentimos cansadas, olhamos para o lado e lembramos do compromisso de seguir acreditando a cada passo à frente.

Obrigada a cada pessoa que nos ajudou a completar uma década. O percurso segue, e celebramos nossa trajetória, cujo ponto de partida, o chão que pisamos, as periferias, nos lembra de onde viemos e por quem corremos. Mesmo descalças, a corrida segue. É por Nós.