Casal de mulher cis e mulher trans é destaque na série ‘Histórias Impossíveis’
Para a atriz Ana Flavia Cavalcanti, que participa da série Histórias Impossíveis, a produção conta uma história de amor pouco vista na TV aberta
Por Beatriz de Oliveira
23|06|2023
Alterado em 23|06|2023
Uma história de amor protagonizada por uma mulher cis e uma mulher trans, ambas negras, será exibida na TV aberta. Trata-se do episódio Sísmicas, que faz parte da antologia Histórias Impossíveis, e será transmitido na segunda-feira (26) na Rede Globo. Para a atriz Ana Flavia Cavalcanti, que participa da obra, o episódio e toda a série se configuram como marcos do audiovisual.
Com foco na temática LGBTQIAPN+, o novo episódio apresenta ao público o casal Lena, uma mulher cis, e sua namorada Kátia, mulher trans, que decidem morar juntas na casa que Lena herdou da avó. A partir disso, enfrentam dificuldades que abalam o relacionamento. “O episódio é um marco para a comunidade LGBTQIAPN+. Eu, por exemplo, nunca vi na TV aberta um trabalho que a gente encontre um casal composto por uma mulher trans e uma mulher cis”, afirma Ana Flavia Cavalcanti.
Para a atriz, é um orgulho participar da série. “Eu sou uma mulher bissexual e vivi na pele as situações que a Lena e a Katia, outras tantas mulheres e a comunidade LGBTQIAPN+ de modo geral vive. [O episódio] é um trabalho que denuncia as violências que a sociedade pratica, mas também, e pra mim é o mais importante, foca na relação de amor das duas”.
Ana Flavia Cavalcanti e Kika Sena vivem casal em série
©divulgação
Entre os momentos marcantes do período de produção do episódio, Ana Flavia Cavalcanti conta que se emocionou quando viu pela primeira vez a casa construída para a gravação. Além disso, a atriz também cita a equipe diversa, com muitas mulheres negras.
A série Histórias Impossíveis, que já abordou o Dia da Mulher e o Dia dos Povos Indígenas, é uma criação de três roteiristas negras: Renata Martins, Jaqueline Souza e Grace Passô. O episódio Sísmicas tem direção de Luisa Lima, Thereza de Medicis e Graciela Guarani. Conta ainda com colaboração de roteiro de Hela Santana, trans feminina negra.
Além de Ana Flávia Cavalcanti, o público verá no protagonismo das cenas a atriz Kika Sena, que se destacou pela atuação no filme Paloma, em que uma mulher trans busca realizar o sonho de casar na igreja com o personagem Zé, seu namorado,.
A série é, na visão de Ana Flávia Cavalcanti, mais um exemplo de que equipes diversas, resultam em produções de maior qualidade. “Somos muitas mulheres negras no Brasil, somos a maioria. Quando estamos presentes nos lugares tudo melhora: a vida melhora, a comida melhora. Somos corpos resilientes e nossos passos vêm de longe”, diz.
Em relação ao episódio Sísmicas, a atriz comenta que o resultado é uma maneira de contar uma história de amor pouco vista na história da televisão brasileira, e tem potencial de atingir todo o público, não apenas a comunidade LGBTQIAPN+. “É cheia de camadas, delicadeza e subjetividades. Quem vai assistir, independente de orientação sexual, classe, religião e raça, vai conseguir entender e sentir porque faz parte do ser humano, da vida de todo mundo que está numa relação”, pontua.