Para ler e assistir: obras para comemorar a Visibilidade Lésbica
A jornalista Mariana Oliveira indica livros, sites e filmes para comemorar e aprender sobre a Visibilidade Lésbica. Confira!
Por Mariana Oliveira
26|08|2022
Alterado em 30|08|2022
No dia 29 de agosto, é comemorado no Brasil, o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica criado em 1996 no 1º Seminário Nacional de Lésbicas (Senale) que aconteceu no Rio de Janeiro.
À época, as ativistas lésbicas brasileiras dedicaram a escolha da data como símbolo de luta por visibilidade e combate à lesbofobia.
Marcando estes 26 anos da data, listamos alguns livros com autoras ou protagonistas lésbicas. Confira!
Eu sou uma lésbica – Cassandra Rios
Cassandra Rios foi considerada a “escritora mais proibida do Brasil”.
©Reprodução / Vania Toledo
O livro de contos eróticos retrata as aventuras românticas de uma mulher lésbica vivendo entre os anos 1960 e 70. Em alguns aspectos da narrativa é um livro biográfico, uma vez que Cassandra Rios também é uma mulher lésbica que viveu nessa época.
A autora faleceu em 2002, vítima de câncer, com apenas 69 anos. Escrevia livros de ficção, mistério e erotismo sempre com viés da homossexualidade feminina antes mesmo do termo GLS (gays, lésbicas e simpatizantes) existir. Não à toa, foi considerada a “escritora mais proibida do Brasil” e teve 36 livros censurados durante o período da Ditadura Militar. Ainda hoje é difícil encontrar títulos da autora em livrarias e bibliotecas.
Duas obras de Cassandra Rios também foram adaptadas para as telonas: Ariella (1980) e Tessa, a Gata (1982).
A Cor Púrpura – Alice Walker
Considerado um dos títulos mais importantes da literatura, a obra da escritora e ativista Alice Walker foi vencedora do Pulitzer de ficção em 1983, sendo a primeira mulher negra a receber o prêmio.
A obra conta a história de Celie, mulher negra, pobre e analfabeta que foi estuprada pelo padrasto. Vivendo nos Estados Unidos durante a década de 40 e com traumas da infância, foi forçada a se casar com um homem bruto e violento. A protagonista escreve cartas relatando seu crescimento, experiências e amizades com uma cantora que muda sua vida, para Deus e sua irmã missionária na África.
A obra conta com uma adaptação cinematográfica realizada em 1985, com direção de Steven Spielberg e Oprah Winfrey, Danny Glover e Whoopi Goldberg no elenco.
Carnaval Amarelo – Lívia Ferreira (Afrocaminhão)
A releitura da história da boneca Emília trabalha com o protagonismo de mulheres negras e lésbicas.
©Reprodução
O conto nacional traz o protagonismo de pessoas negras, fora dos padrões e lésbicas. Carnaval Amarelo é uma releitura de uma história familiar de nossa infância: a boneca Emília.
Margarida conta para sua filha a lenda de Emília, a boneca de pano que acorda a cada 50 anos no carnaval e poderá se tornar real caso encontre seu verdadeiro amor.
Lívia Ferreira, ou Afrocaminhão, escreve contos considerados clichês, ou seja, apenas com finais felizes, com protagonismo de mulheres negras e lésbicas.
O homem azul do deserto – Cidinha da Silva
A historiadora Cidinha da Silva presidiu o Instituto Geledés e foi gestora de cultura na Fundação Cultural Palmares. Ela discute em suas crônicas temas sobre lesbianidades e negritude com viés antirracista. Nesta obra é possível ver as nuances de sua escrita de forma simples e carregada de críticas.
Lundu – Tatiana Nascimento
Lundu, de Tatiana Nascimento questiona o modo heteronormativo das relações.
©Reprodução
O livro retrata a vivência lésbica questionando o modo heteronormativo das relações. Aliado a isso, discute realidades periféricas, elementos da cultura iorubá e negritude, visto inclusive no título, Lundu é uma dança de origem africana.
Tatiana Nascimento é cofundadora da Padê Editoral, que publica apenas autoras negras e LBTs.
Lesboteca
A Lesboteca é um site criado e com curadoria da bibliotecária Débora Mestre. O projeto tem objetivo de funcionar como um catálogo com obras de autoras lésbicas que incluem livros de ficção, contos, biografias, teses de doutorado, dissertações de mestrado e artigos de autoras nacionais e estrangeiras.
Cine Sapatão
Cine Sapatão é um coletivo de militância e audiovisual focado no protagonismo lésbico.
©Reprodução
Projetos de valorização e visibilidade lésbica não são exclusivos da literatura, também podem ser encontrado para divulgação de produções audiovisuais, como no caso do Cine Sapatão.
O coletivo de militância surgiu em 2017 como um cineclube focado no protagonismo lésbico. Hoje, o Cine Sapatão realiza filmes, cursos e eventos em parceria com outros coletivos lésbicos.
Mostra de Cinema LBT
O projeto é uma vertente da Mostra de Cinema da Mulher, realizada anualmente pelo Coletivo Feminista Baciada das Mulheres do Juquery. A mostra foi criada pensando no recorte de mulheres LBT’s (lésbicas, bissexuais, travestis e transgêneras) que produzem no audiovisual e utilizam o cinema como resistência.