mulher fala ao microfone

80 anos de Leci Brandão: sambista e parlamentar é homenageada em exposição

A exposição “Leci Brandão 80 Anos - É Coisa de Orixá” está na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp)

Por Beatriz de Oliveira

17|09|2024

Alterado em 17|09|2024

A passos lentos – de quem já caminhou muito nessa vida – Leci Brandão subiu num pequeno palco. De cachecol vermelho, disse estar tremendo, não pelo frio que fazia naquela noite de 16 de setembro em São Paulo (SP), mas pela emoção de estar ali: no ato de abertura da exposição que comemora seus 80 anos de vida.

A exposição “Leci Brandão 80 Anos – É Coisa de Orixá” é dedicada ao legado de Leci Brandão da Silva. Fotos espalhadas em paineis no Hall Monumental da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) destacam momentos de sua trajetória como compositora, cantora, artista e parlamentar. É na Alesp que Leci atua como deputada estadual em seu quarto mandato consecutivo. Foi nesta casa também que, em 2011, atingiu o marco de segunda mulher negra eleita – a primeira foi a Dra. Theodosina Rosário Ribeiro, em 1974.

No discurso de abertura da exposição, Leci contou que, quando eleita pela primeira vez, colocou todos os seus discos numa mesa e revisitou todas as suas músicas, observando por quais causas cantava. E lembrou o que disse na época: “essas músicas vão ser meu caminho dentro daquela assembleia”.  Entre os temas abordados em suas obras estão a discriminação racial, direitos da população LGBTQIAP+, igualdade de gênero, direitos dos trabalhadores e racismo religioso. 

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A exposição “Leci Brandão 80 Anos - É Coisa de Orixá” homenageia trajetória da artista e parlamentar © Beatriz de Oliveira

Leci Brandão é carioca © Beatriz de Oliveira

Leci Brandão é compositora, cantora, artista e parlamentar. © Beatriz de Oliveira

Leci Brandão no ato de abertura da exposição © Beatriz de Oliveira

A exposição “Leci Brandão 80 Anos - É Coisa de Orixá” está na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) © Beatriz de Oliveira

Emocionada, agradeceu às pessoas que a acolheram na cidade de São Paulo. Carioca, começou sua carreira musical no início da década de 1970, tornando-se a primeira mulher a participar da ala de compositores da Estação Primeira de Mangueira.

Em vários momentos de sua fala, lembrou da mãe, dona Lecy de Assumpção Brandão. Disse que foi com ela que aprendeu a respeitar todas as pessoas, afirmando que ainda é a mesma menina que ajudava a mãe aa varrer o chão da escola em que trabalhava. Houveram agradecimentos ainda à Deus, aos orixás e ao povo do samba.

Na cerimônia, estavam presentes parlamentares e personalidades negras. Ediane Maria, deputada estadual, saudou Leci por sua luta e por abrir caminhos para outras mulheres negras acessarem espaços da política. “Nós, mulheres negras, sabemos o quanto é difícil estar nesses espaços”. 

A mostra tem curadoria de Dhamaze Lima, artista visual e assessora parlamentar de Leci, e foi pensada em três eixos: a formação de sua personalidade, sua atuação como artista militante e a devoção à ancestralidade afro-brasileira.

“Do tamanho que sou, do meu jeito simples, eu consegui ajudar o meu país”, disse Leci ao final de seu discurso.

SERVIÇO

Visitação de 17 a 27 de setembro de 2024

Segunda à sexta das 8h00 às 20h00

Hall Monumental da ALESP

Av. Pedro Álvares Cabral, 201, andar monumental, Ibirapuera

Entrada gratuita