Foto mostra pés de casal deitado na cama

6 argumentos para rebater as desculpas para não usar camisinha

No Dia Internacional do Preservativo é essencial lembrar que as infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) podem gerar graves consequências e que a taxa de transmissão de HIV no Brasil cresceu 21% entre 2010 e 2018

Por Amanda Stabile

13|02|2023

Alterado em 16|02|2023

Hoje (13), comemoramos o Dia Internacional do Preservativo. A data, estrategicamente festejada na véspera do Valentine’s Day – dia equivalente ao Dia dos Namorados em diversos países – é celebrada desde 2008. Ela foi criada pela AIDS Healthcare Foundation, organização com sede em Los Angeles, nos Estados Unidos, para conscientizar a população sobre a importância do uso da camisinha durante as relações sexuais.

Temos certeza que você, assim como nós, já ouviu exaustivamente sobre o papel essencial do preservativo não apenas para prevenir gestações não planejadas, mas também para reduzir o risco de contrair infecções sexualmente transmissíveis, as ISTs. Porém, falar mais sobre o assunto nunca é demais, considerando que apenas 22,8% das brasileiras e brasileiros com mais de 18 anos afirmam usar preservativo em todas as relações sexuais.

O dado é da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), divulgada em 2021 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em outro estudo, o instituto traz uma informação ainda mais preocupante: entre 2009 e 2019, o percentual de pessoas entre 13 e 17 anos que usaram preservativo na última relação sexual caiu de 72,5% para 59%.

Enquanto a utilização da proteção diminui, o número de casos de infecções sexualmente transmissíveis contabilizados no Brasil só aumenta. Entre 2010 e 2018, por exemplo, a taxa de transmissão de HIV no país cresceu 21%, enquanto sofreu queda de 16% em todo o mundo, de acordo com dados do Unaids, programa das Nações Unidas criado para prevenir o avanço do vírus.

Sabendo disso, selecionamos seis argumentos para rebater as desculpas comumente usadas por pessoas com pênis para não utilizar o preservativo. Mas lembre-se: se a sua recusa não for suficiente para fazer seu par respeitar sua decisão, talvez você deva repensar essa relação. Sua vida e saúde valem mais do que qualquer relacionamento amoroso ou sexual.

1. “Fiz vasectomia”

A vasectomia é uma cirurgia de esterilização em que a circulação dos espermatozóides é interrompida. Se o único objetivo do uso de camisinha fosse evitar uma gestação, este seria uma ótimo argumento, já que a vasectomia é considerada um procedimento que tem uma das maiores taxas de sucesso contraceptivo (99%). Porém, tanto em relações hétero quanto homossexuais, não há cirurgia que evite a transmissão de ISTs. O uso do preservativo ainda é o método mais eficaz para evitar a transmissão dessas infecções.

2. “Eu tenho todos os meus exames em dia”

“Mas eu não”. Essa é sempre uma possibilidade de resposta sonora para essa desculpa. Porém, para aqueles que precisam de um argumento científico, é importante apontar que há o risco de vírus ou bactérias contraídas sexualmente não serem detectadas nos exames. O vírus da Hepatite B, por exemplo, pode só ser detectado de 30 a 180 dias após a infecção; e o vírus HIV em geral torna-se detectável no exame de sangue cerca de 30 dias após o contágio.

3. “Mas você não toma anticonpecional?”/“Eu compro uma pílula do dia seguinte”

Não há método contraceptivo que seja 100% eficaz. Por isso, o uso combinado de métodos anticoncepcionais é indicado pelos especialistas para evitar uma gestação. Em relação ao uso da pílula contraceptiva de emergência, conhecida como pílula do dia seguinte, sua eficácia diminui com o tempo, em razão disso, é importante tomá-la o mais cedo possível após a relação sexual. Além disso, ela não deve ser usada com frequência, a recomendação é de apenas três a quatro vezes ao ano para que seus efeitos continuem eficazes.

4. “Eu tiro antes de gozar”

Nesse método, conhecido como “coito interrompido”, a relação sexual acontece sem camisinha e o sêmen é ejaculado fora da vagina. Ele é comumente realizado na tentativa de evitar uma gestação entre casais  heterossexuais, mas a chance de falhar é alta: até 27%. Sua eficácia para evitar a transmissão de ISTs é ainda menor: 0%.

5. “Com camisinha eu não sinto nada”/“É muito apertada ou pequena”

No Brasil, a camisinha é considerada o método de proteção mais acessível à população. É direito de todos e todas retirar preservativos nas unidades de saúde. O governo também disponibiliza o Disque Saúde (136) para informar pontos onde há camisinhas disponíveis. Elas são distribuídas em um tamanho padrão de 52 mm de largura e 16 cm de altura. Caso não seja o ideal para o tamanho do pênis, existe uma ampla variedade de tamanhos e tipos de camisinhas disponíveis no mercado brasileiro. Há, inclusive, produtos feitos com materiais mais finos para pessoas que desejam mais sensibilidade na hora do sexo.

6. “Eu só transo com você”

Esse é um argumento interessante porque apela emocionalmente e testa a confiança que você deposita em seu par. E costuma colar: um levantamento do IBGE mostrou que, entre os brasileiros que não usaram preservativo na última relação que tiveram em 12 meses, 73,4% afirmaram que não o fizeram por confiarem no parceiro. Porém, solteiras, casadas, em relações monogâmicas ou não, sexo seguro é um ato de autocuidado, já que não há como garantir que seu par fará sexo protegido com outras pessoas.