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50 anos e contando: como mulheres lidam com o envelhecimento

A população com mais de 30 anos já representa 56,7% no país; mulheres revelam como encararam o processo de envelhecimento.

Por Mariana Oliveira

06|10|2023

Alterado em 06|10|2023

Aos 74 anos, Dona Margarida Arcebispo desfruta do auge de sua longevidade. A criadora de conteúdo digital começou na área por influência da família. Sua filha, Adriana Arcebispo, da Família Quilombo, recebia constantemente mensagens do público pedindo vídeos para Dona Margarida. “Me considero uma pessoa de sorte, pois primeiro tive os seguidores e depois comecei com os vídeos. Compartilhá-los nas redes sociais é muito bom, sempre recebo elogios e mensagens positivas. Ser digital influencer foi uma renovação e uma coisa muito boa na minha vida”, revela.

Foi na velhice que realizou alguns de seus maiores sonhos: em 2020, quando estava com 70 anos e esbanjando carisma, Dona Margarida participou da 7º edição do programa Masterchef Brasil. Em maio de 2023 lançou sua autobiografia, intitulada “Margarida Maria Arcebispo: Memórias e Receitas”.

A influenciadora se deu conta de seu processo de envelhecimento pela mudança nos cabelos. “Essa transformação foi difícil de aceitar, porque o cabelo não passa do preto para o branco, ou do preto para o grisalho. Ele sai do preto para a raiz branca e as pontas pretas. O homem de 50 anos é chamado de charmoso e a mulher é vista como como velha mesmo”, explica.

Preconceito com o envelhecimento

Termos com ageismo, etarismo e idadismo são utilizados para expressar o preconceito contra pessoas idosas. Essa aversão pode ser apresentada verbalmente, refletida no mercado de trabalho, no desenvolvimento de tecnologias ou ferramentas que não contemplam esses grupos e as diferentes realidades, que podem permear raça, classe, nível educacional ou gênero. Em casos mais extremos, o ageismo pode levar a maus tratos e agressões físicas.

Conforme definição do estatuto do idoso, são consideradas idosas as pessoas com idade igual ou superior a 60 anos. Já a população entre os 45 e 60 anos são chamadas por estudiosos da gerontologia de envelhecentes. A expressão faz alusão ao termo “adolescência” e reflete o período entre a maturidade e a velhice. No Brasil, a população de 40 a 49 anos e de 50 a 59 anos correspondem a 15,9% e 14,2% respectivamente, apontam os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) em 2022.

A coordenadora de cursos de Tecnologia da Informação (T.I) da Faculdade de Educação Paulistana (FAEP), Kátia Cristina Marcolino, de 55 anos, faz parte desse grupo. Antes de cruzar com a problemática do etarismo, ela sentiu a barreira de gênero e afirma ser inevitável que ambas as designações andem juntas.

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Kátia Cristina Marcolino descobriu novos propósitos após os 50 anos.

©Arquivo pessoal

Kátia começou a se tatuar ainda nos anos 90, e desde então se sente estigmatizada por isso. “A mulher tatuada era vista como irresponsável. Perdi oportunidades de trabalho. Em uma entrevista, a pessoa ficou tão chocada em ver o meu pescoço tatuado, que não conseguiu olhar no meu rosto”.

Minha pele terá rugas, independente de eu ter tatuagem ou não.

Kátia se orgulha de envelhecer. Foi após os 50 anos, com tatuagens no corpo e de cabelos grisalhos que iniciou o mestrado, e escalou pela primeira vez uma cachoeira. Atividades que garantem que não viveria com a mesma intensidade quando jovem. “Hoje consigo ir muito além, me sinto muito mais focada, vejo possibilidades que não enxergava antes”, finaliza a educadora.