
3 perguntas e respostas sobre o exame molecular DNA HPV
Substituto do papanicolau no SUS, novo teste é mais eficaz e deve ser implementado em todo país até o fim de 2026
Por Beatriz de Oliveira
23|05|2025
Alterado em 23|05|2025
O exame molecular DNA HPV está sendo implementado gradualmente no Sistema Único de Saúde (SUS) como substituto do papanicolau. O teste detecta a presença do vírus do papiloma humano, HPV, causador do câncer de colo do útero.
A mudança tende a impactar positivamente a vida de mulheres negras e periféricas, que têm atualmente as menores taxas de rastreamento. Nota-se que a detecção precoce é essencial para a efetividade do tratamento.
Terceira maior causa de mortes prematuras de mulheres no país, o câncer de colo do útero atinge mais mulheres negras, mulheres com baixa escolaridade e mulheres da Região Norte, de acordo com estudo de 2022 da Fundação do Câncer.
Neste texto, respondemos a três dúvidas sobre o novo exame. Confira.
Por que o exame molecular DNA HPV é melhor que o papanicolau?
O exame molecular é mais eficaz que o papanicolau, pois tem uma sensibilidade de 97% na detecção dos subtipos do HPV, o que faz com que tenha até quatro vezes mais possibilidade de detecção de lesões pré-cancerígenas, segundo estudo da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
“Através do papanicolau se faz coleta de uma amostra de células que podem estar alteradas. Já o exame de genotipagem faz uma avaliação mais precoce, ou seja, capta a presença de um DNA de HPV de alto risco para saber se aquela pessoa tem um potencial alto de desenvolver câncer nos anos seguintes, independente dela ter lesão ou não”, explica a ginecologista Ligia Santos.
Como é feito o novo exame?
Segundo a profissional, a forma de coleta do exame molecular DNA HPV é semelhante a do papanicolau. “A pessoa vai ficar numa posição ginecológica, será colocado um espéculo e após ser visualizado o colo, será coletada através de uma escovinha a secreção que vai ser analisada em meio líquido”, diz.
Nota-se que o tempo de intervalo entre as coletas é de cinco anos nos casos em que não houver diagnóstico do vírus, um período maior do que o previsto no papanicolau (três anos).
Quando o exame vai ficar disponível em todo país?
De acordo com nota do Ministério da Saúde enviada ao Nós, mulheres da periferia, o novo teste será implementado em todo o país ao longo de 2025 e 2026, período em que serão realizados treinamentos e capacitações das equipes. Não há datas exatas para início da realização do exame em cada município do país. “A implementação nacional será pactuada com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde e Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde”, afirmam.
A Pasta pontuou que desde 2023 está sendo realizado um projeto piloto em Pernambuco, com mais de 20 mil mulheres sendo testadas. “Agora, o projeto iniciará uma nova fase, em que 435 mil mulheres serão testadas ao longo de um ano em todo o Estado, em uma ação articulada com o Ministério da Saúde e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), diz o texto. Além disso, o estado de Minas Gerais também demonstrou interesse em adotar o projeto nessa próxima fase.