Futebol, educação, antirracista. documentário

Filme gravado com o celular utiliza o futebol como ferramenta de educação

Lançado em 2021, o documentário independente “Gondwana, A Bola Conecta”, produzido pela jornalista Mônica Saraiva, mostra o futebol como ferramenta de educação e cultura.

Por Mariana Oliveira

24|11|2023

Alterado em 24|11|2023

Em 2021, a jornalista e pesquisadora Mônica Saraiva lançou o mini-documentário “Gondwana, A Bola Conecta”. O filme independente gravado ao longo de um ano, apenas com o celular, o documentário aborda a influência africana no Brasil a partir do futebol como manifestação cultural popular com o propósito de usar o esporte para contribuir no desenvolvimento de conhecimentos históricos, sociais e culturais.

O curta foi exibido em festivais no Brasil, Portugal e Moçambique entre 2021 e 2022, e rendeu projetos adjacentes, desenvolvidos em escolas municipais da cidade de São Paulo. Nesses trabalhos, Mônica diz serem desenvolvidos a partir da “metodologia ABC”, que significa audiovisual, bola e câmera. “O projeto é aplicado em sala de aula, apresentamos o documentário e fazemos uma roda de conversa para falar de racismo, diversidade, comunicação e colaboração. Só podemos combater o racismo a partir do conhecimento”, explica.

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Exibição no CEU Luiz Gama. © Arquivo Pessoal

Atividade "Com a bola", na EMEF Pedro Américo. © Arquivo Pessoal

Exibição no Museu do Futebol. © Arquivo Pessoal

A relação de Mônica com a modalidade surgiu ainda na infância, ela brincava descalça com o irmão e os vizinhos nas ruas do bairro da Brasilândia, zona norte de São Paulo (SP). Já naquela época sabia que estaria envolvida com o esporte de alguma forma. Além das brincadeiras de rua, colecionava álbuns de figurinha, lia revistas de futebol e acompanhava jogos aos domingos através da televisão. “Eu tenho uma memória afetiva com o futebol de rua, fazia as traves de pedras e chinelo”, lembra.

Ela também nutria uma paixão pela comunicação e, durante o curso de jornalismo, conseguiu um estágio no Memorial da América Latina, centro cultural localizado na região da Barra Funda, capital paulista. No espaço, pôde aprender mais sobre países hispanohablantes e estudar espanhol.

Poucos anos mais tarde, foi trabalhar como assessora de imprensa no Museu do Futebol, localizado no Estádio do Pacaembu, zona oeste de São Paulo. Durante os 10 anos de experiência, teve certeza de que aquele era seu lugar. Inteirou-se da história do futebol e admirou de perto seus ídolos. “Conheci o mundo pelo museu. Compreendi a minha própria história, arte, cultura, educação, acessibilidade e política a partir do futebol. Foi a minha escola da vida”, afirma.

Tudo que eu sou, onde vou e o que faço é consequência das minhas conexões através do futebol.

A jornalista, que também é fotógrafa, considera o esporte como principal combustível para sua vida profissional e pessoal. Desde o trabalho nos museus, Monica estuda a influência africana no Brasil e conecta com o futebol. “Eu passei do futebol para a educação, consigo desenvolver esses conceitos para compartilhar conhecimento”, conta.

Entretanto, sentiu-se limitada após os anos de trabalho. “Eu queria viajar e contar histórias”. Em 2021, após o período mais intenso da pandemia de Covid-19, Mônica deixou o Museu para enfrentar novos desafios profissionais: tirou do papel o desejo de compartilhar seu conhecimento de cultura brasileira e africana. Percorreu estados brasileiros para compreender o futebol “como sociedade”, e o que encontrou registrou com o celular em formato de documentário.

Para 2024, Mônica está preparando um segundo documentário, que será gravado no Rio de Janeiro, dessa vez com maior estrutura audiovisual e equipe.