MARIA FIRMINA DOS REIS: primeira romancista negra brasileira
Nascida em São Luís do Maranhão, em 11 de março de 1822, negra e "filha ilegítima", Maria Firmina dos Reis não conheceu o pai.
Ela foi professora de primeiras letras e conheceu obras literárias do romantismo brasileiro e francês. Não há registros de que recebeu educação formal, o que indica que foi autodidata.
Maria Firmina procurou a liberdade nas palavras ao produzir uma obra de forte combate ao período escravista brasileiro: “Úrsula”, publicado em 1859.
O livro é o único romance abolicionaista de autoria feminina escrito em português durante aquele período e aborda a escravidão pelo ponto de vista do escravizado. Também critica a posição das mulheres na sociedade da época.
"Sirva esse bom acolhimento de incentivo para outras, que com imaginação mais brilhante, com educação mais acurada, com instrução mais vasta e liberal, tenham mais timidez do que nós", escreveu no prólogo da obra.
Também publicou diversos outros contos e foi uma voz feminina de resistência, embora suas obras tenham sido invisibilizadas pela falta de receptividade do público contemporâneo a ela.
Em 1880, aos 58 anos, fundou a primeira escola mista do Maranhão - para meninas e meninos. O feito causou grande repercussão na época e encerrou suas atividades após dois anos e meio.
Sua obra ficou esquecida por décadas e foi recuperada em 1962 pelo historiador paraibano Horácio de Almeida em um sebo no Rio de Janeiro.
Até seu rosto verdadeiro é desconhecido: há apenas uma gravura nos registros oficiais da Câmara dos Vereadores de Guimarães, mas inspirada na imagem de uma escritora branca com quem Firmina foi confundida na época.