Manifesto Crespo reunirá mulheres indígenas da aldeia Tenondé Porã para oficina de turbantes

O Manifesto Crespo, coletivo independente com atuação na área cultural e educacional, em parceria com a associação União Popular de Mulheres do Campo Limpo, promoverá um encontro com mulheres indígenas na aldeia Tenondé Porã, localizada em Parelheiros – bairro do extremo sul da capital paulista. A visita será no dia 28 de fevereiro e tem […]

Por Semayat S. Oliveira

27|02|2015

Alterado em 27|02|2015

O Manifesto Crespo, coletivo independente com atuação na área cultural e educacional, em parceria com a associação União Popular de Mulheres do Campo Limpo, promoverá um encontro com mulheres indígenas na aldeia Tenondé Porã, localizada em Parelheiros – bairro do extremo sul da capital paulista. A visita será no dia 28 de fevereiro e tem o objetivo de fortalecer a conexão com as mulheres da comunidade, vivenciando suas tradições, forma de organização e experiências políticas.
Por meio da oficina Tecendo e Trançando Arte, projeto participativo e educativo que reflete e ensina a técnica do turbante e o ato de trançar os cabelos com abordagem histórica e cultural, as educadoras criam uma roda de conversa sobre a relação das participantes com seus cabelos, corpos e as referências femininas que as influenciam. Pensando em tornar o conteúdo ainda mais específico para a cultura indígena, será incluso o estilo da trança indígena e sua função no artesanato.
As questões que envolvem a mulher negra, o fortalecimento da autoestima e a reestruturação de identidade, eixos principais do trabalho desenvolvido pelo coletivo, têm uma ligação tangível com os desafios históricos das mulheres indígenas. A intenção é conhecer também a narrativa de resistência política e cultural que a comunidade enfrenta e as estratégias da líder feminina da aldeia, Jera Guarani Mbya.

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Crédito: Nina Vieira


“Nós, enquanto educadoras e mulheres negras, sentimos que nos aproximar da realidade da mulher indígena é conhecer outra face do racismo, da ausência de direitos básicos e da violência histórica contra nossos corpos e memória. É também entrar em contato com histórias que, assim como as nossas, tem a mulher na linha de frente do trabalho e como a sustentação da família e dos costumes do seu povo”, disse Denna Hill, cantora, psicóloga e integrante do coletivo.
Em seu quarto ano de existência, a oficina Tecendo e Trançando Arte já atingiu mais de mil pessoas, maioria de mulheres, em São Paulo e região. Após ser contemplado pelo Prêmio Lélia Gonzalez (Protagonismo de Organizações de Mulheres Negras), lançado em 2014 pela Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) e Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM), o coletivo se estruturou para realizar a atividade em locais essenciais para sua linha de pesquisa.
A visita faz parte do projeto itinerante que tem o objetivo de promover vivências em comunidades que preservem a memória e as tradições da população negra e indígena e tenham mulheres ocupando posições de liderança. O Quilombo da Caçandoca, na cidade de Ubatuba (litoral norte), foi o primeiro ponto de parada, em dezembro de 2014. Até o final deste semestre, o coletivo ainda passará pela Casa de Cultura Fazenda da Roseira, em Campinas, e Teatro Popular Solano Trindade, em Embu das Artes.