Para quem perdeu: assista ao vídeo do debate “Desvelando identidades – Mulheres Negras”

Somos maioria, somos minoria, pobres, pretas, brancas, periféricas… Assim começou a terceira noite de debate do projeto De|Geradas, promovido pelo Sesc Santana na última quinta feira (19). A leitura do manifesto iniciado em tom firme que terminou numa voz embargada de sentidos e sentimentos, feita por uma integrante do SESC, abriu os trabalhos da noite. O palco do […]

Por Redação

25|03|2015

Alterado em 25|03|2015

Somos maioria, somos minoria, pobres, pretas, brancas, periféricas…
Assim começou a terceira noite de debate do projeto De|Geradas, promovido pelo Sesc Santana na última quinta feira (19). A leitura do manifesto iniciado em tom firme que terminou numa voz embargada de sentidos e sentimentos, feita por uma integrante do SESC, abriu os trabalhos da noite.
O palco do teatro foi ocupado por Regiany Silva, integrante do coletivo Nós, mulheres da periferia e moradora da zona leste, Giselle dos Anjos Santos, mestre em Estudos Interdisciplinares sobre Mulheres, Gênero e Feminismo pela UFBA, e Rosana Paulino, artista visual e doutora em Poéticas Visuais pela ECA-USP. A partir do tema Desvelando Identidades: Mulheres Negras, as três convidadas discutiram a representação da mulher negra na mídia, na educação e nas artes, respectivamente.
A mesa foi mediada por Inês Castilho, pesquisadora, jornalista e fundadora do projeto Nós, mulheres, primeiro jornal a se assumir feminista do país, na década de 70, durante a Ditadura.

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Mesa – Desvelando identidade: mulheres negras


Ao abrir a discussão, a jornalista contou como foi conhecer um grupo de comunicadoras que carregam nome e ideais tão próximos ao trabalho que ela desenvolvia há quase 40 anos. “Me emocionei quando soube da criação do grupo (Nós, mulheres da periferia), porque em 1975 nós formamos um grupo de mulheres brancas, do centro, e acreditávamos em justiça social, íamos atrás das questões das mulheres da periferia, e agora eu fico muito tocada quando vejo que elas falam por si, elas não precisam mais dessa mediação”.
Para refletir sobre o lugar da mulher negra na mídia, Regiany Silva, contextualizou a história e missão do coletivo, reforçando a importância de ocupar o espaço midiático, como luta pelo direto à fala e pelo empoderamento das mulheres, majoritariamente negras, que vivem nas periferias, e que, quase nunca veem suas questões discutidas na mídia, ou sua identidade representada de maneira positiva. “Nós não nos reconhecemos nas capas de revistas ou nas novelas, só reconhecemos o lugar da subalternidade e acabamos por não enxergar valor naquilo que nos faz negras”, afirmou.
Para a pesquisadora Giselle dos Anjos, o maior desafio que está posto é enxergar a mulher negra no lugar do protagonismo. “Quais foram as mulheres negras que vocês conheceram em sua formação escolar que contribuíram para história do nosso país?”, questionou ela. “Na maior parte do tempo nós não ouvimos histórias da trajetória ou da memória das mulheres negras”.
Ela ainda reforçou a importância de ações como a aprovação da lei 10.639, que há mais de 10 anos obriga o ensino da Cultura e História da África no ensino básico, que apesar de ainda ter muita resistência nas redes de ensino, vem mostrando bons resultados nas mãos de professores engajados.
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Regiany Silva apresenta o trabalho do Nós, mulheres da periferia e discute a representação da mulher negra na mídia


A artista plástica Rosana Paulino apresentou um pouco do trabalho que vem desenvolvendo nos últimos anos, sempre abordando o lugar que as mulheres negras ocupam na sociedade brasileira, e como constroem sua própria subjetividade.
Passando pela desconstrução da representação do feminino na infância, ocupado por bonecas brancas e supersexualizadas, pela memória das amas de leite, pelo estudo do corpo da mulher negra, a artista chegou a um dos seus recentes trabalhos protagonizados por fotografias das mãos das mulheres de sua própria família, dona Lurdes, sua mãe, suas irmãs e sobrinha.
Do plano fechado, que focam as pequenas mãos de sua mãe, até a ousadia do plano aberto da fotografia que mostram as mãos de sua irmã, a artista retrata um pouco da sua história e das conquistas das mulheres negras no Brasil. “Minha mãe foi empregada doméstica a vida toda, faxinou para que nós estudássemos, ela formou duas filhas doutoras e duas filhas empresárias, tenho muito orgulho”, revelou Rosana.
Confira o vídeo com a íntegra das falas da mesa.

 
Próxima mesa do De|Generadas:
Tema: (Des) Construções, Gênero e Representação
Dia: 26 de março, quinta-feira,
Hora: 20h
Local: Sesc Santana. Av. Luiz Dumont Villares, 579 (próximo à estação Jd. São Paulo, linha azul do metrô)