Baseado em fatos (ir)reais

Metrô cheio, 7 horas da manhã. Respirar  é difícil, se mover, um luxo. Karina entra na estação Guilhermina-Esperança. Com muito esforço e um pouco de força tenta conseguir um espaço no corredor. Com o trem já em movimento vê que no meio de todo aquele aperto ainda existe um espaço vago. Se pergunta como ainda […]

Por Lívia Lima

17|07|2014

Alterado em 17|07|2014

Metrô cheio, 7 horas da manhã. Respirar  é difícil, se mover, um luxo. Karina entra na estação Guilhermina-Esperança. Com muito esforço e um pouco de força tenta conseguir um espaço no corredor. Com o trem já em movimento vê que no meio de todo aquele aperto ainda existe um espaço vago.
Se pergunta como ainda não descobriram aquele oasis no meio do deserto. Percebe que o espaço só está vazio porque um homem alto e engravatado está dificultando a passagem. “Já que ele não quer deixar ninguém passar, por que ele mesmo não vai mais para o lado?”, pensa. Já na estação Penha se dá conta que o homem não vai ocupar aquele espaço para não ficar atrás de outro homem, mais baixo, de camiseta e boné.
Um homem atrás de outro sempre aparenta ser uma situação constrangedora no transporte público. “Qual o problema, o cara tem medo do de boné reclamar de que ele está tentando encoxá-lo? Ou tem medo de gostar da posição, de sentir atração pelo outro?”, mentaliza furiosa. Karina se aperta com outras mulheres no trem até a estação Sé enquanto os homens mantém o espaço do machismo livre.
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