Em Perus, ocupação de teatro celebra 2 anos com programação gratuita à população

Em sua 4ª edição, o Ato Artístico Coletivo Cimento Perus celebra a memória da luta dos trabalhadores da Fábrica de Cimento Portland Perus e comemora o aniversário de 2 anos da Ocupação Artística Canhoba, com atividades culturais gratuitas.

Por Jéssica Moreira

22|02|2018

Alterado em 22|02|2018

A Ocupação Artística Canhoba completa 2 anos de existência no bairro de Perus (região noroeste de SP), com uma programação repleta de peças teatrais e debates em torno de lutas do bairro. As atividades, que perduraram toda a semana, vão até domingo (25) e é totalmente gratuita.

O evento está sendo organizado pelo Grupo Pandora de Teatro, que há mais de 10 anos fomenta a produção e formação teatral na região. Em 2016, decorrente de ação coletiva dos movimentos culturais peruenses e demais moradores, o Pandora ocupou um prédio público abandonado e fez dele a sede do grupo. Diariamente, crianças e jovens participam de oficinas diversas, aulas de teatro, ampliando o acesso à cultura no bairro.

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Ato Artístico realizado em Perus, em 2014/ Nelson Souza

Centro de Memória

Para o sábado, 24, está agendada a inauguração simbólica do Centro de Memória do bairro, na Biblioteca Municipal Padre José de Anchieta, fruto de desejo popular. Neste dia também será realizada uma Intervenção Poética seguida da conversa pública “Cimento Perus: qual o sentido da resistência?” com membros do Movimento pela Reapropriação da Fábrica de Cimento Perus. Como parte das atividades do Ato, será lançado um livreto sobre a fábrica de cimento e sua importância, que será distribuído em escolas da região, posteriormente.

Importância histórica
Criada em 1926, a Companhia de Cimento Portland Perus foi a 1ª indústria cimenteira de grande porte do Brasil e principal abastecedora da matéria-prima até a década de 30. Das cerca de 500 mil toneladas produzidas no país no período, pelo menos 125 mil vinham de Perus. Foi palco também da greve de sete anos, realizada pelos sindicalistas denominados Queixadas em plena ditadura militar. Ao fim da longa reivindicação, os grevistas receberam os salários atrasados e tiveram ainda o direito de voltar ao trabalho. A indústria foi fechada definitivamente em 1987 e tombada como patrimônio histórico da cidade em 1992. Desde então, o prédio vem sendo deteriorado a cada dia, mas há 30 anos os moradores, ex-operários, viúvas e filhos de Queixadas lutam para transformar o espaço em um Centro de Lazer, Cultura e Memória do Trabalhador.

Apresentações Teatrais 

No domingo, 25, às 14h, haverá apresentação do espetáculo “Teatro a La Carte“, livre para todos os públicos, com o grupo Santa Víscera Teatro, na Praça Canhoba. Neste dia, o evento contará também com a presença de um dos mais antigos grupos de teatro popular em atividade das Américas: O Teatro Popular União e Olho Vivo, coletivo fundado em 1966, que, em 1979, montou o espetáculo “Bumba meu Queixada”, inspirado no movimento dos trabalhadores do bairro. Às 16h, realiza a intervenção “Os Queixadinhas”. Esta é a 1ª vez que o grupo se apresenta no bairro, a convite do Grupo Pandora de Teatro, que por sinal retoma seu espetáculo “Relicário de Concreto” para esta celebração, fechando assim a programação.

VEJA ABAIXO A PROGRAMAÇÃO COMPLETA:

1º Dia – 17 de Fevereiro 2018 (sábado)

Local: Ocupação Artística Canhoba – Cine Teatro Pandora

24 de Fevereiro 2018 (sábado)
Local: Biblioteca Padre José de Anchieta
16h às 18h – Intervenção poética + Inauguração do Centro de Memória + Conversa pública: “Cimento Perus: qual o sentido da resistência?” com Movimento pela Reapropriação da Fábrica de Cimento Perus e lançamento de publicação.

25 de Fevereiro 2018 (domingo)
Local: Ocupação Artística Canhoba – Cine Teatro Pandora
14h – Espetáculo “Teatro a La Carte” com Santa Víscera Teatro
16h – Espetáculo “Os Queixadinhas” + Roda Conversa com Teatro Popular União e Olho Vivo
19h – Espetáculo “Relicário de Concreto” com Grupo Pandora de Teatro seguido de bate-papo.